Pelo menos 25 mortos após ataque em Zaporizhia. Rússia e Ucrânia trocam acusações
Um ataque russo a um comboio humanitário na cidade de Zaporizhia causou a morte de 25 pessoas e há registo de dezenas de feridos. Kiev e as forças pró-russas trocam acusações sobre este ataque no dia em que Moscovo oficializa a anexação de quatro regiões ucranianas. Volodymyr Zelensky aponta o dedo à "escória sanguinária" que perpetrou o ataque.
Segundo as autoridades ucranianas, pelo menos 25 pessoas morreram e outras 50 ficaram feridas. De acordo com a agência France Presse, o ataque ocorreu perto da cidade de Zaporizhia, a cerca de 40 quilómetros a norte da linha de contacto entre Rússia e Ucrânia.
Os repórteres desta agência no local verificaram que pelo menos 15 carros foram atingidos. O projétil visou o estacionamento de um centro de trânsito para deslocados.
Num comunicado divulgado através do Telegram, Starukh disse que as forças russas atacaram um comboio humanitário que seguia em direção ao território ocupado pela Rússia.
Starukh indicou ainda que os organizadores do comboio humanitário pretendiam viajar para território ocupado pela Rússia para resgatar familiares e depois levá-los para um local seguro.
Anunciou ainda que o dia de sábado, 1 de outubro, será de luto na região de Zaporizhia. "Os ocupantes atacaram ucranianos indefesos. Este é mais um ataque terrorista de um país terrorista", acrescenta.
Em reação ao ataque, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky reagiu com veemência. "Somente terroristas podem fazer isto, e estes não podem ter um lugar no mundo civilizado. Escória sanguinária! Vão certamente responder por cada vida ucraniana que se perde", disse através do Telegram.
O ataque acontece no dia em que Moscovo se prepara para anexar Zaporizhia e outras três regiões ucranianas: Lugansk, Donetsk e Kherson.
Por sua vez, um representante do Kremlin na região ocupada de Zaporizhia culpou as forças de Kiev pelo ataque mortal ao comboio humanitário e negou o envolvimento do exército russo.
"O regime de Kiev está a tentar retratar o que aconteceu como um bombardeamento das tropas russas, recorrendo a uma provocação hedionda", disse Vladimir Rogov, um funcionário do governo da região apoiado pela Rússia, através do Telegram.
"Os combatentes ucranianos cometeram mais um ato terrorista", refere. "Uma vingança no dia da reunificação com a Rússia", acrescentou.
"Os combatentes ucranianos cometeram mais um ato terrorista", refere. "Uma vingança no dia da reunificação com a Rússia", acrescentou.
Na quinta-feira, o Kremlin tinha anunciado que as quatro regiões da Ucrânia, que realizaram referendos entre 23 e 27 de setembro sobre a adesão à Rússia, serão hoje incorporadas no país.
A anexação oficial já era esperada depois da votação nas áreas sob ocupação russa na Ucrânia, cujos habitantes, alegou Moscovo, apoiaram esmagadoramente a anexação formal destes territórios pela Rússia.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que os chamados "referendos" nas regiões ocupadas foram realizados durante o conflito armado ativo, em áreas sob ocupação russa e fora do quadro legal e constitucional da Ucrânia, pelo que "não podem ser chamados de expressão genuína da vontade popular".
As consultas separatistas em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia foram condenadas por Kiev e pelo Ocidente, que consideram os referendos "farsas" democráticas.