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"Pergunte às suas filhas". Chanceler alemão defende deportações em massa
Há duas circunstâncias a ter em conta quando se escutam as palavras do chanceler alemão. Primeiro, cinco eleições estaduais do próximo ano. Segundo, a liderança cada vez mais forte do partido alemão de extrema-direita, AfD, que, em duas regiões do leste da Alemanha, obtém um apoio sem precedentes de 40 por cento.
O chanceler alemão foi questionado por um jornalista, na segunda-feira, sobre se mantinha as declarações ou pedia desculpa por ter defendido, na semana passada, deportações em larga escala nas cidades.
Na semana passada, o chanceler sugeriu que a diversidade em si era um problema nas cidades alemãs.
“É claro que ainda temos esse problema na paisagem urbana e é por isso que o ministro federal do Interior está agora a trabalhar para permitir e realizar expulsões em grande escala", afirmou durante uma visita ao estado de Brandemburgo, nos arredores de Berlim.
Os críticos, então, acusaram o chanceler alemão de adotar uma retórica “perigosa” sobre a imigração.
Agora, após as declarações de ontem, diversas vozes da oposição fazem-se ouvir. Por exemplo, Ricarda Lang, deputada do Partido Verde, acusou Merz de paternalismo e de ignorar as reais preocupações políticas das jovens. “Talvez as “filhas” também estejam fartas de Friedrich Merz só se preocupar com os seus direitos e segurança quando pode usá-los para justificar as suas políticas completamente retrógradas”, escreveu Ricarda Lang no X.
Também o líder dos Verdes em Brandemburgo acusou Merz de alimentar o preconceito racial. “É perigoso quando os partidos no poder tentam rotular as pessoas como um problema com base na sua aparência ou origem”, defendeu o líder dos Verdes.
Os resultados das eleições gerais de fevereiro deram ao bloco conservador CDU/CSU do líder alemão 28,5 por cento de votos. Enquanto o AfD conquistou um resultado recorde de 20,8 por cento.
Desde então, a extrema-direita empatou com a coligação CDU/CSU e já a ultrapassou em algumas sondagens.
Um susto para os democratas-cristãos de Friederich Merz, que estiveram reunidos no domingo e na segunda-feira para definir uma estratégia antes das cinco eleições estaduais do próximo ano.