PM timorense pede a jovens para diminuírem dependência de recursos estrangeiros
O primeiro-ministro de Timor-Leste pediu hoje aos jovens que vão frequentar cursos de Direito em Portugal para estudarem para continuarem a construção Estado e diminuir a dependência de recursos humanos estrangeiros.
"A construção da Nação exige que as instituições do Estado pensem e façam aquilo que é bom para que a participação do setor do privado e do próprio povo possa desenvolver o país. A construção do Estado ainda é o nosso problema", afirmou Xanana Gusmão.
O primeiro-ministro timorense falava durante a cerimónia de apresentação dos 50 estudantes que obtiveram uma bolsa para estudar Ciências Jurídicas e Medicina Legal em Portugal.
"Estamos demasiado dependentes de pessoas de fora. Infelizmente ainda estamos muito dependentes de assessores internacionais, sobretudo, de assessores jurídicos, porque nós não percebemos português. A construção do Estado abre-nos a visão sobre a necessidade de começarmos a depender menos", salientou.
Para o chefe do Governo, Timor-Leste conseguiu a independência, mas permanece dependente por falta de recursos humanos e para ser "forte no futuro" precisa daqueles programas de bolsas de estudo para que os "jovens possam estar bem equipados para defender os interesses do povo e da Nação".
Lembrando o sacrifício feito pelos timorenses que lutaram pela restauração da independência, Xanana Gusmão disse aos jovens que têm agora a "imensa responsabilidade" de "estudar para vir servir".
"Muitos morreram das vossas famílias e não pediram nada. Deram o corpo, o sangue para sermos independentes, portanto estudem e sempre com o pensamento de que foram chamados para servir. Essa é a vossa missão", salientou.
Cinco faculdades de Direito portuguesas assinaram com Timor-Leste protocolos de cooperação para formar entre 250 e 300 estudantes na área.
Os protocolos foram assinados com as faculdades de Direito da Universidade Católica, Universidade do Minho, Universidade de Lisboa, Universidade do Porto e Universidade Nova de Lisboa.
A iniciativa é promovida pelo Grupo de Trabalho para a Reforma do Setor da Justiça, coordenado pela antiga ministra timorense Lúcia Lobato, e prevê enviar anualmente para estudar naquelas faculdades cerca de 50 estudantes de Direito.
O projeto prevê um total de 250 e 300 juristas formados em Portugal e será financiado na totalidade por Timor-Leste, num investimento inicial de cerca de 14,9 milhões de euros até 2028.
Em março, Timor-Leste tinha anunciado a criação de um regime especial de bolsas de estudo para o setor da Justiça, financiado pelo Estado, para a obtenção de graus de licenciatura, mestrado e doutoramento, para formação em Medicina Legal e formação especializada no Centro de Formação Jurídica e Judiciária.