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Polícia chinesa tenta dissuadir manifestações anti "covid zero"

por Cristina Sambado - RTP
Mark R. Cristino - EPA

Depois de um fim de semana marcado por protestos em várias cidades chinesas contra a política de "covid zero", as autoridades policiais tenta dissuadir e localizar os manifestantes. Esta terça-feira, a Comissão Nacional de Saúde da China anunciou a intensificação da campanha de vacinação contra o vírus SARS-CoV-2 junto da população mais idosa.

Vídeos nas redes sociais mostram centenas de polícias a ocupar uma praça pública em Hangzhou, segunda-feira à noite, impedindo a população de se reunir e manifestar.

Segundo o Guardian, alguns manifestantes foram interrogados telefonicamente pelas autoridades depois de terem assistido ao protestos nas cidades de todo o país.


Um dos vídeos, que não foi verificado independentemente, mostra a polícia, rodeada por uma pequena multidão a segurar telemóveis, a fazer uma detenção. A polícia de Hangzhou não comentou a situação.

Em Xangai e em Pequim, esta terça-feira de manhã, a polícia estava a patrulhar várias áreas onde alguns grupos na aplicação tinham sugerido que a população se voltasse a reunir. A presença das autoridades policiais durante a noite de segunda-feira evitou a realização de mais protestos.

Existem ainda relatos de polícias a pedir os telemóveis aos manifestantes para verificar de tinha redes privadas virtuais (VPNs) e a aplicação Telegram, que foi usada no fim de semana pelos manifestantes. Na China, as VPNs são ilegais para a maioria da população e a aplicação Telegram está bloqueada na internet.

No entanto, os manifestantes estavam a partilhar, através da aplicação, a forma para manter os dados telefónicos a salvo de verificação aleatórias das autoridades policiais, incluindo definições para limpar rapidamente o histórico. “O que fazer se o seu telefone for roubado ou levado pela polícia – um pequeno guia para evitar surpresas desagradáveis”, lia-se numa das mensagens.

Em Xangai, o dono de um bar, perto de um local onde decorreram protestos no fim de semana, revelou, à AFP, que a polícia tinha ordenado o encerramento às 22h00 para “controlo de doenças”. À saída de cada estação do metro estavam grupos de polícias.

À mesma agência, uma mulher revelou que ela e cinco dos seus amigos, que participaram num protesto em Pequim, tinham recebido chamadas da polícia exigindo informações sobre o seu paradeiro.

Não está claro como é que a as autoridades policiais tiveram acesso às identidades dos manifestantes presentes nos protestos.

Em Pequim, centenas de pessoas, na sua maioria jovens, enfrentaram temperaturas negativas para se reunirem na margem de um rio da capital, numa vigília de homenagem às dez vítimas do incêndio mortal num apartamento em Urumqi.

Como resultado, milhares de pessoas saíram às ruas durante dias, exigindo o fim dos bloqueios para combater a covid- com alguns pedidos a exigir que o Presidente Xi Jinping se demita.

Os protestos têm demonstrado uma crescente frustração e ceticismo em relação ao Partido Comunista no poder com o objetivo de “covid-zero”. O Governo de Xi Jinping tem seguido uma política de confinamentos, testagem em massa e longas quarentenas para chegadas do estrangeiro numa tentativa de limitar a propagação do SARS-CoV-2.

Na China, o Governo e os meios de comunicação estatais mantêm o silêncio sobre os protestos. Os jornais desta terça-feira publicaram vários artigos sobre a política “Covid zero”, incluindo um editorial na Xinhua, reconhecendo que a pandemia "teve algum impacto na produção social e na vida".

Os protestos obrigaram China a rever políticas de confinamento.

As autoridades admitem abusos e imposições arbitrárias e tentam assim serenar os manifestantes.

Protestos no estrangeiroOs cidadãos chineses residentes no estrangeiro continuam a protestar contra a política de Xi Jinping em pelo menos uma dúzia de cidades em todo o mundo.

Em Hong Kong, dezenas de pessoas reuniram-se no centro da cidade e no campus da universidade, numa manifestação de solidariedade com os manifestantes da China continental.

Muitos reuniram-se também junto às embaixadas da China nas principais cidades do mundo, como Londres, Paris e Tóquio, e em universidades dos EUA e na Europa. China vai incrementar vacinação junto da população mais idosaA China anunciou esta terça-feira a intensificação da campanha de vacinação contra o vírus SARS CoV-2 junto de pessoas com mais de 80 anos.

A Comissão Nacional da Saúde comprometeu-se transmitindo um aviso que indica "o incremento de campanhas de vacinação a pessoas com mais de 80 anos" acrescentando que vai também aumentar a inoculação da população entre os 60 e os 79 anos de idade.
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