Poluição do ar matou meio milhão de bebés em 2019

por RTP
Reuters

A poluição do ar causou a morte a praticamente meio milhão de bebés no primeiro mês de vida. São dados preocupante revelados pelo relatório State of Global Air 2020.

Praticamente dois terços das 500 mil mortes de bebés estão associadas à poluição do ar em ambientes fechados. Em particular, situações relacionadas com combustíveis sólidos como carvão, madeira e até mesmo esterco animal para cozinhar.

Uma realidade infelizmente ainda muito comum em países em desenvolvimento, que mais sofrem com esta situação.

De acordo com este relatório agora conhecido, a exposição a poluentes no ar chega a ser prejudicial para bebés que ainda estão no útero, podendo mesmo provocar partos prematuros ou nascimentos com baixo peso. Duas situações diretamente ligadas à mortalidade infantil.

"Algo está a acontecer que está a causar problemas no crescimento dos bebés e, em última instância, no peso ao nascerem", disse ao Guardian Katherine Walker, principal cientista do Health Effects Institute, que publicou o relatório.

Há algum tempo que era conhecido o impacto da poluição do ar nas pessoas mais velhas com com problemas de saúde. Este trabalho abre toda uma nova visão sobre o que a poluição está a fazer aos recém-nascidos e até mesmo a crianças que estão ainda no útero da mãe.

Bebés que nascem prematuramente, ou até mesmo com baixo peso, ficam mais suscetíveis a apanharem infeções e pneumonias, mais não seja porque, muitas vezes, os pulmões não estão ainda totalmente desenvolvidos.

Ao Guardian, uma professora de epidemiologia da Universidade da Califórnia explicava, em reação às conclusões deste estudo, que a poluição do ar em cidades da Índia, sudeste da Ásia e África chega a ser comparável com a de Londres vitoriana. "Esta não é a poluição do ar que vemos nas cidades modernas, mas a que tínhamos há 150 anos em Londres e outros lugares, onde havia fogueiras a carvão em ambientes fechados", disse Beate Ritz.

O problema da poluição, acrescenta esta especialista, vai muito além da mortalidade infantil. "Também há danos ao cérebro e outros órgãos por causa dessa poluição", afirmou. "Apenas sobreviver não é suficiente, precisamos reduzir a poluição do ar por causa do impacto em todos esses órgãos".
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