População mundial vai diminuir drasticamente até ao fim do século. Portugal perde metade das pessoas

por Alexandre Brito - RTP
Imagem de arquivo de Zulmira Jesus, da Póvoa de Agrações, perto de Chaves Rafael Marchante - Reuters

Um estudo recente sobre a taxa de fertilidade, e o efeito a longo prazo na população mundial, está a deixar os especialistas estupefactos. A previsão é que até ao final do século praticamente todos os países do mundo vão ter menos habitantes. Portugal pode perder até metade de população. Dos atuais 10 milhões, vai passar para cinco.

estudo foi apresentado por investigadores da Universidade de Washington. A taxa de fertilidade global caiu para praticamente metade em 2017, 2.4 crianças por mulher. E até 2100 será de apenas 1.7. A partir de um valor de cerca de 2.1, a população mundial começa a diminuir, dizem os especialistas.

Como termo de comparação, em 1950 uma mulher tinha em média 4.7 filhos.

O estudo indica ainda que quase todos os países vão perder população até ao final do século. 

E há 23 nações, incluindo Portugal e Espanha, que devem ter metade da população em 2100.
 Em simultâneo, os vários países terão uma população cada vez mais envelhecida. A previsão atual é que quem nasce agora irá viver pelo pelo menos até aos 80 anos.

De acordo com as estimativas destes especialistas, a população mundial vai atingir o pico por volta de 2064. Seremos nessa altura cerca de 9,7 mil milhões. E a partir daí vai cair para 8,8 mil milhões até ao final do século.

À BBC, o investigador Christopher Murray diss que estas previsões são impressionantes. Demonstram que a "maior parte do mundo está numa transição para o declínio natural da população. É extraordinário, vamos ter que reorganizar as sociedades".

Mas afinal a que se deve esta quebra na taxa de fertilidade?

As causas principais estão relacionadas com a educação. As mulheres, em todo o mundo, têm cada vez mais acesso à educação. E a empregos. Ao mesmo tempo, cada vez mais mulheres estão a usar métodos contraceptivos, o que lhes dá o poder de escolha sobre o número de filhos que querem ter.

É curioso como a quebra na taxa de fertilidade, indicam vários especialistas, está relacionada com uma história de sucesso, na qual as mulheres ganham mais controlo sobre a vida.

E quais são os países mais afetados?

O Japão vai perder mais de metade da população até ao final do século. Vai passar dos atuais 128 milhões para 53 milhões. Também a Itália terá uma quebra pesada, de 61 para 28 milhões. 

São ainda vários os países que terão até ao final do século uma diminuição da população na ordem dos cinquenta por cento: Portugal, Espanha, Tailândia e Coreia do Sul, por exemplo.

Já China deve atingir o pico de habitantes daqui a quatro anos, para 1.4 mil milhões. Mas em 2100 serão apenas 732 milhões. 

Outra realidade, que terá efeitos profundos na sociedade, são os números por idade. Apenas como exemplo, em 2017 havia 681 milhões de crianças com menos de cinco anos. Em 2100 serão apenas 401 milhões. 

Em sentido inverso, o número de pessoas com 80 anos era de 141 milhões em 2017, serão 866 milhões em 2100.

O que levanta várias questões: quem vai garantir a sustentabilidade do sistema social? Com que idade será possível ir para a reforma? Se estas são questões já bem atuais, serão ainda mais profundas nos próximos anos.
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