Mundo
Guerra no Médio Oriente
"Porque cada minuto conta", "chega!". Vozes dos protestos em Israel
Antes da reunião desta quarta-feira na Casa Branca, dezenas de milhares de pessoas voltaram a encher as ruas de Telavive. Uma de muitas manifestações no dia de solidariedade com os reféns em Gaza e pelo fim da guerra.
Não se conhecem os contornos desta reunião, mas acontece num momento em que Israel prossegue a ofensiva para a tomada da cidade de Gaza. Sendo cada vez mais significativo o silêncio do governo israelita sobre proposta de cessar-fogo mediada por Catar e Egipto, e que já teve resposta positiva do Hamas.
Estas foram as razões que levaram o Fórum das Famílias dos Reféns a pedir manifestações num dia de solidariedade com os reféns.
Os protestos começaram na terça-feira em Telavive onde manifestantes pararam carros, ergueram bandeiras israelitas e fotos dos reféns, de acordo com um fotógrafo da AFP.
Estas manifestações também ocorreram em várias cidades israelitas com o bloqueio de várias autoestradas, marchas até às casas dos ministros e protestos em frente ao gabinete do primeiro-ministro, durante uma reunião do Gabinete de Segurança. Objetivo: demonstrar o máximo apoio a um acordo de cessar-fogo e libertação dos reféns em Gaza.
“Chega!”, gritou Silvia Cunio ao microfone no início de uma grande manifestação em Telavive, na terça-feira à noite.
Os dois filhos, Ariel e David, estão reféns há 690 dias em Gaza sendo ela própria uma ex-refém libertada durante tréguas. Outra manifestante citada pela AFP resumiu o que os israelitas querem: “o mais importante neste momento é que os reféns regressem o mais rapidamente possível, porque cada minuto conta”.
Imune a apelos e exigências, Benjamin Netanyahu continua a ser vago sobre as intenções do governo quanto à guerra em Gaza e à libertação de reféns.
Num vídeo divulgado após a reunião do gabinete de Segurança, o primeiro-ministro israelita garantiu que “isto começou em Gaza e terminará em Gaza. Não deixaremos esses monstros lá, libertaremos todos os nossos reféns e garantiremos que Gaza nunca mais represente uma ameaça para Israel”.
Em fevereiro, o presidente norte-americano lançou a ideia de tomar o controlo da Faixa de Gaza para reconstruí-la e transformá-la na “Riviera do Médio Oriente”, uma vez vazia de palestinianos.
“É preciso que haja justiça”Também ontem, as Nações Unidas exigiram a Israel consequências das investigações às mortes de civis em Gaza. Em que se inclui o duplo bombardeamento do hospital Nasser, que matou 20 pessoas, entre elas cinco jornalistas, produzam resultados e garantam a responsabilização. “É preciso que haja justiça”, afirmou Thameen Al-Kheetan, porta-voz do gabinete de direitos humanos da ONU, aos jornalistas na terça-feira, em Genebra.
Ele acrescentou que o número de jornalistas mortos em Gaza levantou muitas questões sobre os ataques a profissionais da comunicação social.
Na segunda-feira, Israel bombardeou duas vezes o hospital Nasser, o último hospital público em funcionamento no sul de Gaza.
O segundo ataque ocorreu logo após a chegada das equipas de resgate e dos jornalistas para retirar os feridos. E aconteceu 15 minutos depois do primeiro bombardeamento, matando socorristas e jornalistas que trabalhavam para a Reuters, a Associated Press e a Al Jazeera, bem como jornalistas independentes.
Na terça-feira, as forças armadas israelitas divulgaram o que disseram ser os resultados preliminares da investigação a este duplo ataque.
As forças armadas alegaram que os soldados tinham como objetivo destruir uma câmara na área do hospital Nasser usada pelo Hamas para vigiar o exército israelita. Alegaram ainda que seis das pessoas mortas no ataque eram “terroristas”.
No entanto, a declaração não respondeu a questões básicas, principalmente por que razão Israel realizou um ataque duplo contra médicos e jornalistas e se alguém seria responsabilizado pela morte de civis.
A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. Isto para discutir a situação dos jornalistas em Gaza onde, desde outubro de 2023, já morreram quase 250 jornalistas.