Praia de Bondi. O que se sabe sobre o atentado que está a abalar a Austrália?

O ataque aconteceu durante a celebração do primeiro dia da festa judaica do Hanukkah, que em Sydney é tradicionalmente realizada naquela praia.

RTP /
Hollie Adams - Reuters

O atentado de domingo na Praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, provocou pelo menos 16 mortos. Foi classificado pelo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, como “um ato de pura maldade, um ato de terrorismo, um ato de antissemitismo”.

A Equipa Conjunta de Contraterrorismo de Nova Gales do Sul já lançou uma investigação.
Quem são os suspeitos?

A polícia de Nova Gales do Sul identificou como suspeitos dois homens – um de 50 anos, abatido pela polícia, e outro de 24, transferido para o hospital sobre custódia policial –, tendo o Governo australiano avançado que ambos seriam pai e filho.
Jornal da Tarde | 15 de dezembro de 2025

A imprensa local identificou o homem de 50 anos como sendo Sajid Akram, cidadão australiano originário no Paquistão e que tinha licença de porte de arma desde 2015 para caça recreativa, de acordo com o comissário da polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon.O suspeito "cumpria os critérios de elegibilidade para uma licença de porte de arma", tendo na sua posse seis armas.


O filho, Naveed Akram, cidadão australiano, tinha sido identificado pela Organização Australiana de Inteligência de Segurança (ASIO) em outubro de 2019, “com base na sua associação com outras pessoas”, mas a investigação feita considerou que não constituía uma ameaça.

Ficou ferido com gravidade em confrontos com a polícia e encontra-se internado sob custódia policial.

Após o ataque, uma fotografia de Naveed tirada em 2022 com o professor Adam Ismail, do Instituto Al-Murad, começou a circular nas redes sociais, tendo Ismail vindo a público condenar o ataque e rejeitar ligações com o suspeito.

“O Corão afirma claramente que tirar uma vida inocente é como matar toda a humanidade”, esclarece o professor, que classifica o ataque como sendo “completamente proibido no Islão”. Ismail acrescenta, ainda, que ensinou árabe e o Corão a Naveed durante apenas um ano, em 2022.
O que a polícia investigou até ao momento?
A Equipa Conjunta de Contraterrorismo confiscou quatro armas de fogo e três dispositivos explosivos improvisados do local do crime, que seguiram para análise forense. As armas incluiriam espingardas e caçadeiras.A equipa inspecionou também duas casas nos subúrbios de Sydney, Bonnyrigg e Campsie, onde encontraram “um número de itens adicionais incluindo duas armas de fogo”.


O resultado destas investigações preliminares faz com que o comissário da polícia de Nova Gales do Sul acredite que “qualquer dos homens envolvidos no ataque de ontem estaria a planear o ataque”.

A imprensa local avançou que o carro dos suspeitos teria um manifesto e uma bandeira do Estado Islâmico, mas o comissário da polícia não confirmou as alegações.
Quem é Ahmed Al Ahmed?
Ahmed Al Ahmed é um vendedor de fruta, de 43 anos, que foi identificado num vídeo publicado na rede social X como sendo a pessoa que desarmou um dos atiradores.

De acordo com a advogada Alison Battisson, em declarações à CNN, Al Ahmed é um refugiado do Médio Oriente, “que não tem residência permanente na Austrália”, mas que não terá impedido Ahmed de “correr pata ajudar a comunidade australiana”.


O vendedor de fruta correu em direção a um dos atiradores, conseguindo retirar-lhe a espingarda, algo descrito pelas autoridades como tendo evitado um maior número de mortos.

Al Ahmed foi alvejado no ombro e foi levado para o hospital, encontrando-se agora fora de perigo, após ter sido operado de urgência. O primeiro-ministro da Nova Gales do Sul, Chris Minns, visitou-o ao hospital e descreveu-o como “um herói da vida real”.

Entretanto, foi criada uma angariação de fundos online, para apoiar a recuperação de Ahmed, que já recolheu mais de um milhão de dólares em menos de 24 horas.
Qual o balanço de vítimas?
Segundo a polícia de Nova Gales do Sul, o ataque provocou, até ao momento, 16 mortos e 42 feridos.

Ainda que não tenham sido identificados, a polícia acredita que as idades dos mortos no ataque variam entre os dez e os 87 anos, com a imprensa local a identificar um sobrevivente do Holocausto, vindo da Ucrânia, como um dos mortos.

Entre os feridos, encontram-se dois polícias e o atirador sobrevivente.
O que será feito?

O choque provocado pelo ataque fez com que o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, anunciasse um possível endurecimento da lei sobre as armas.

“Esta tarde às 16h00 irei colocar na agenda no Gabinete Nacional leis mais rigorosas sobre as armas de fogo”, afirmou o chefe de governo, que inclui propostas como o estabelecimento de um limite do número de armas por individuo e uma revisão periódica das licenças de porte de arma.

A lei já havia sido endurecida em 1996, após um massacre em Porth Arthur que matou 35 pessoas, e proíbe a venda de armas automáticas e semiautomáticas.
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