Presidente da África do Sul pede levantamento de medidas "discriminatórias"

por RTP
Reuters

O Presidente sul-africano acusa a comunidade internacional de precipitação nas restrições impostas a vários países da África Austral por causa da nova variante do coronavírus causador de Covid-19 e reivindica o levantamento das medidas.

Alegando que não existe base científica que justifique a suspensão de voos originários daquela região do Mundo, Cyril Ramaphosa considera que as restrições são “injustamente discriminatórias”, além de “ineficazes na prevenção do alastramento da Ómicron ao resto do Mundo”. E terão como único efeito “afetar ainda mais” as economias dos países do sul de África e “prejudicar os esforços de recuperação” da pandemia.

Já hoje, o Japão engrossou a lista de países que aplicaram fortes restrições às ligações aéreas provenientes da África Austral, juntando-se, por exemplo, à União Europeia, aos EUA e ao Reino Unido. A variante Ómicron foi detetada no princípio do mês na África do Sul e disseminou-se por toda a região setentrional do continente, tendo também já sido referenciada em várias outras regiões do Mundo, incluindo a Europa. Em Portugal, existem pelo menos 13 casos confirmados.

A Organização Mundial de Saúde sinaliza na Ómicron um “número sem precedentes de mutações de pico”, algumas das quais com “impacto potencial preocupante” em termos de trajetória da pandemia, mas refere que é necessário o aprofundamento da investigação para determinar qual o perigo que a nova variante apresenta à imunização dada pelas vacinas atuais.

Tendo em conta que esta evolução do coronavírus está presente em vários pontos do Mundo, a OMS chamou a atenção contra medidas precipitadas de restrição à entrada de viajantes provenientes da África Austral. “Com a Ómicron já detetada em vários continentes, tomar medidas apenas orientadas para o sul de África põe em causa a solidariedade global”, declarou o diretor regional da OMS Matshidiso Moeti, citado pela BBC.

Esse é também o ponto de vista do Presidente da África do Sul, que pede o levantamento das restrições já impostas e sublinha que o aparecimento da Ómicron deve ser tomado como um alerta para a necessidade de acabar com a desigualdade na distribuição de vacinas à escala global. “Até que todo o Mundo esteja vacinado, o aparecimento de novas variantes é inevitável”, referiu Ramaphosa.
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