Começou esta segunda-feira, em Nova Iorque, o julgamento civil que deverá durar algumas semanas do antigo presidente dos Estados Unidos e atual candidato republicano às eleições presidenciais de 2024. Donald Trump é acusado, juntamente com os seus dois filhos e a empresa da família, de ter sobrevalorizado os seus ativos imobiliários durante anos, Trump nega qualquer irregularidade e considera o julgamento uma "farsa" e uma "caça às bruxas".
A procuradora-geral acusa o magnata do imobiliário e os seus filhos de “inflacionarem” o valor do seu património em vários milhares de milhões de dólares, entre os anos 2011 e 2021, com o objetivo de obterem créditos bancários com condições mais vantajosas e prémios de seguro mais baixos. Letitia James reclama a soma de 250 milhões de dólares (cerca de 238 milhões de euros) em reparações financeiras, assim como a emissão de declarações de interdição de dirigir empresas para Trump e os filhos.
No seguimento da acusação da procuradora-geral, o juiz nova-iorquino Arthur Engoron declarou na semana passada Donald Trump e os filhos responsáveis de “fraudes” financeiras “repetidas” envolvendo a Trump Organization.
Segundo a decisão de Engoron, os acusados são “responsáveis” de “violações repetidas” da lei, com base nos documentos apresentados pela procuradora-geral que mostram “claramente” “avaliações fraudulentas” dos ativos da empresa Trump.
Esta segunda-feira, no início do julgamento, Christopher Kise, um dos dois advogados de Trump, contestou a acusação na sua declaração de abertura e afirmou que as finanças tanto de Trump como da sua empresa eram inteiramente legais."Não houve intenção de fraude, não houve ilegalidade, não houve incumprimento, não houve violação, não houve confiança dos bancos, não houve lucros injustos e não houve vítimas.", defendeu Christopher Kise, um dos advogados de Trump.
"É uma das marcas mais bem sucedidas do mundo, e ele fez uma fortuna literalmente estando certo sobre investimentos imobiliários", acrescentou Kise. Também Donald Trump sublinhou ter construído "uma grande empresa", negou qualquer irregularidade e acusou o juiz do caso Engoron de ser corrupto. "Tenho alguns dos maiores ativos imobiliários do mundo. E agora tenho de me apresentar perante um juiz corrupto", afirmou Donald Trump.
Antes de entrar na sala de audiências, Trump já tinha acusado a magistrada principal do Estado de Nova Iorque, Letitia James, uma afro-americana eleita pelo Partido Democrata, de ser “racista” e de ser um “espetáculo de terror”.
Naquele que é um dos primeiros julgamentos civis que enfrentará no próximo ano, o multimilionário considerou-o uma "farsa", um “esquema” montado contra si, ele, vítima de uma "caça às bruxas" - acusações feitas também na véspera através de publicações na rede social que criou, a Truth Social. "Todo este caso é uma farsa. Vou a tribunal amanhã (esta segunda-feira) de manhã para lutar pelo meu nome e reputação", escreveu, no domingo à noite, Donald Trump.
O magnata norte-americano, que não compareceu em tribunal no julgamento do ano passado quando a sua empresa foi condenada por fraude fiscal nem no início deste ano quando foi acusado por agressão sexual, fez agora questão de marcar presença no início deste julgamento civil.
Em causa está a ameaça ao império do multimilionário, em particular a empresa familiar Trump Organization também visada na acusação, e o prenúncio dos prazos legais que poderão vir a perturbar a sua campanha eleitoral para a nomeação republicana.
A procuradora-geral, Letitia James, afirmou esta segunda-feira no tribunal de Manhattan que "não importa quanto dinheiro você acha que pode ter, ninguém está acima da lei" e garantiu que, neste caso, a “justiça prevalecerá”.
c/agências
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