Programa de Jimmy Kimmel regressa esta terça-feira mas não para todos

A Nexstar e a Sinclair, dois grupos proprietários de dezenas de canais locais que utilizam a programação da ABC, anunciaram que, apesar do regresso do humorista Jimmy Kimmel à antena, iriam prosseguir o boicote ao programa.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Cenários do programa do humorista norte-americano Jimmy Kimmel David Swanson - Reuters

A Sinclair, que exigia um pedido de desculpas público a Jimmy Kimmel, explicousegunda-feira à noite, que mantinha a decisão de não retransmitir o programa. Terça-feira de manhã, a Nexstar fez o mesmo.

"Mantemos esta decisão aguardando garantias de que todas as partes estão empenhadas em promover um ambiente de diálogo respeitoso e construtivo nos mercados em que operamos", explicou o grupo em comunicado.

A empresa acrescentou que o programa ainda "estará disponível em todo o país em vários produtos de streaming propriedade da Disney, enquanto as nossas estações se concentrarão em continuar a produzir notícias locais e outras programações relevantes para os seus respetivos mercados".

A Sinclair referiu em comunicado que poderá rever a decisão, explicando em comunicado que "as discussões com a ABC estão em curso enquanto avaliamos o possível regresso do programa". A Nexstar detém 32 estações ABC nos Estados Unidos. A Sinclair detém 30 emissoras afiliadas da ABC.

Kimmel foi suspenso quarta-feira passada, durante uma semana, pela ABC/Disney após um programa em que criticou um alegado aproveitamento político da morte do ativista Charlie Kirk por parte do movimento MAGA, de Donald Trump, e insinuou que o assassino do polémico conservador era igualmente MAGA.

Os republicanos reagiram em fúria, e a Sinclair e a Nexstar comunicaram à ABC que iriam deixar de retransmitir o programa. A televisão, propriedade da Disney, decidiu suspender o humorista, enquanto investigava o caso.

A empresa justificou a suspensão temporária com o desejo de "evitar agravar uma situação tensa num momento emotivo para o nosso país".
Ataque à liberdade de expressão

A decisão teve o efeito oposto e gerou protestos generalizados dos eleitores democratas, sobretudo depois do diretor da FCC, a agência federal que administra o sinal de televisões concessionadas nos EUA, ter admitido intervir no processo, caso a ABC não tomasse medidas contra Kimmel por violação de regras contratuais.

Para a esquerda norte-americana, o caso redundou num ataque à liberdade de expressão.

Além de um boicote generalizado à Disney, os democratas acusaram especificamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de estar a tentar livrar-se de um rosto crítico e famoso, apesar do programa de Kimmil já só ter audiências quase residuais e estar à beira do cancelamento por motivos financeiros.

Ao ser anunciada a suspensão do programa de Kimmel, Donald Trump saudou a notícia como "uma grande notícia para a América" e apelou a que outras figuras da indústria do infoentretenimento, como Jimmy Fallon e Seth Meyers, fossem retiradas do ar.

Na quinta-feira passada, o multmilionário republicano sugeriu ainda que a FCC considerasse revogar as licenças dos canais de notícias que o criticassem.
PUB