Quem é quem no Afeganistão. Seis figuras chave da estrutura taliban

por RTP
O Mullah Abdul Ghani Baradar lidera o braço político dos jihadistas e a equipa de negociação que está sedeada em Doha, que visa alcançar um acordo que possa conduzir ao cessar-fogo. O processo não obteve avanços significativos nos últimos meses. Reuters

Enquanto os taliban intensificaram a (re)conquista do território do Afeganistão nas últimas semanas, desde que os militares norte-americanos iniciaram a retirada, a sua liderança é assegurada por seis figuras que têm combatido o governo afegão desde 2001. Figuras de quem se desconhece o paradeiro e cujos detalhes de vida são escassos.

Com raízes no movimento mujahidin que, com o apoio dos Estados Unidos, afastou as forças soviéticas do Afeganistão nos anos 80, os taliban são um dos grupos que lutou na guerra civil em 1994.

Dois anos mais tarde, controlavam a maior parte do país, onde impuseram a lei islâmica. Os países ocidentais e a oposição no país acusavam os taliban de utilizarem a força para impor a sua versão da sharia e para anular as minorias religiosas.

O movimento fundado e liderado ao início pelo Mullah Mohammad Omar foi derrubado pelas forças afegãs apoiadas pelos americanos, na sequência dos ataques de 11 de Setembro de 2001. Os taliban voltam agora a controlar militarmente o Afeganistão, dominando 10 capitais das 34 províncias do país.

O paradeiro dos líderes do movimento islamita é em grande parte do tempo desconhecido. A tal ponto que a morte do Mullah Mohammad Omar em 2013, apenas foi confirmada pelo filho dois anos mais tarde.
Atuais líderes taliban

Haibatullah Akhunzada é o líder supremo, aquele tem a palavra final no que respeita a questões políticas, militares e religiosas. Sucedeu a Akhtar Mansour, morto num ataque de drone em 2016, perto da fronteira com o Paquistão.

Conhecido como o "líder dos fiéis", Akhunzada ensinou e pregou durante 15 anos numa mesquita de Kuchlak, no sudoeste do país, quando subitamente desapareceu em maio de 2016. Estima-se que tenha cerca de 60 anos e o seu paradeiro é desconhecido.

Mullah Mohammad Yaqoob é filho do fundador Mullah Omar. Atualmente é responsável pelas operações militares do grupo e dado como residente no Afeganistão. Foi proposto como líder supremo em vários momentos de sucessão mas, dada a sua idade, cerca de 30 anos, e alegada falta de experiência em batalha, terá tomado a iniciativa de patrocinar Akhunzada.

Sirajuddin Haqqani é filho do fundador da rede Haqqani, Jalaluddin Haqqani. Lidera a rede estabelecida pelo pai na década de 1970, um grupo que opera na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão e supervisiona os recursos financeiros e militares naquela região.

De acordo com especialistas contactados pela Reuters, os Haqqanis foram os introdutores do ataque suicida no Afeganistão e considerados culpados por vários atentados de elevada visibilidade no Afeganistão. Entre os alvos do grupo encontra-se o antigo presidente Hamid Karzai, o hotel mais importante de Cabul e a Embaixada da Índia. Deverá ter cerca de 50 anos e o seu paradeiro é desconhecido.

Mullah Abdul Ghani Baradar é um dos co-fundadores do movimento e actualmente dirige o braço político dos taliban. É um dos elementos da representação política que os jihadistas têm em Doha, com o objectivo alcançar um acordo político que conduza a um cessar-fogo e à paz no Afeganistão. O processo não obteve avanços significativos nos últimos meses.

Considerado um dos comandantes de maior confiança de Mullah Omar, Baradar foi capturado pelas forças de segurança na cidade de Karachi, no sul do Paquistão, em 2010 e libertado em 2018.

Sher Mohammad Abbas Stanikzai era um ministro taliban até o grupo ser afastado do poder. Viveu em Doha durante 10 anos e dirigiu o gabinete político dos taliban em 2015. Também participou de negociações com o governo afegão e representou os radicais em viagens diplomáticas por diferentes países.

Abdul Hakim Haqqani é o líder da equipa negocial dos taliban. Antigo presidente do supremo tribunal do movimento, lidera um influente conselho de teólogos e um dos líderes em quem Akhunzada mais confia.

O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo, encontrando-se em 169º da lista de 189 países do Índice de Desenvolvimento Humano, publicada pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. A esperança média de vida é de 64 anos e o rendimento nacional bruto per capita é de 1.970 euros.
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