Rearmamento nuclear está a avançar no mundo

por RTP
O rearmamento nuclear é uma realidade atual How Hwee Young - EPA

As potências nucleares estão a modernizar os seus arsenais, devido ao aumento das tensões geopolíticas em todo o mundo, afirmaram investigadores.

"Desde a Guerra Fria que as armas nucleares não desempenhavam um papel tão importante nas relações internacionais", declarou o diretor do Programa de Armas de Destruição Maciça do Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI), Wilfred Wan.

Os nove Estados que possuem armas nucleares - Rússia, Estados Unidos, França, Índia, China, Israel, Reino Unido, Paquistão e Coreia do Norte - modernizaram todos os seus arsenais nucleares e vários deles instalaram em 2023 novos sistemas.

Em janeiro, das cerca de 12.121 ogivas nucleares existentes no mundo, 9.585 estavam preparadas para potencial utilização.

Destas, cerca de 2.100 foram mantidas em estado de "alerta operacional elevado" para mísseis balísticos.

A quase totalidade dessas ogivas nucleares pertence à Rússia e aos Estados Unidos, que possuem, juntos, 90% das armas nucleares do mundo.

Estima-se que os gastos globais com armas nucleares tenham aumentado 13%, para um recorde de 91,4 mil milhões de dólares em 2023, de acordo com cálculos do grupo de pressão da Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (Ican).

Nos últimos cinco anos, desde que o Ican iniciou a sua investigação, os gastos com armas nucleares aumentaram 34%.

Pela primeira vez, o SIPRI considerou que também a China possui "algumas ogivas em alerta operacional elevado", ou seja, prontas a serem utilizadas de imediato.

"Vivemos atualmente um dos períodos mais perigosos da história da humanidade", alertou o diretor do SIPRI, Dan Smith.

"São muitas as fontes de instabilidade: rivalidades políticas, desigualdades económicas, perturbações ecológicas, aceleração da corrida aos armamentos. Estamos à beira do abismo, e é altura de as grandes potências darem um passo atrás e refletirem sobre o assunto. De preferência, em conjunto", sublinhou.

Em fevereiro de 2023, a Rússia anunciou a suspensão da sua participação no Novo Tratado START - "o último tratado de controlo (...) que restringe o poder nuclear estratégico da Rússia e dos Estados Unidos". 

O SIPRI observou também que Moscovo realizou em maio deste ano manobras militares envolvendo armas nucleares táticas na fronteira ucraniana.

c/Lusa
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