Rede de comunidades sustentáveis quer Europa a liderar combate por Acordo de Paris

por Lusa

Rede de comunidades sustentáveis quer Europa a liderar combate por Acordo de Paris

Cidadão norte-americano a viver desde a década de 1980 na Suécia e presidente da ECOLISE, uma rede europeia de comunidades orientadas para a sustentabilidade, Hall é um dos oradores convidados do "Gaia Todo um Mundo" um fórum internacional a decorrer em Viloa Nova de Gaia entre 15 e 18 de junho e que irá reunir vários pensadores para discutir alterações climáticas.

"É doloroso para o mundo inteiro, incluindo a maioria dos americanos, que o presidente dos EUA tenha optado por deixar o acordo climático alcançado em Paris", considerou Hall.

Para o especialista não resta "outra alternativa, além da força de vontade, de fazer o máximo possível para transformar rapidamente a Europa numa força resiliente e assumir a nossa responsabilidade global de cooperar com outros continentes na sua transição para a resiliência".

"Assim como a Europa guia o mundo rumo à industrialização, é justo que assuma um papel de liderança para parar o aquecimento global e alcançar a sustentabilidade ecológica", advertiu.

Mantendo o tom crítico, Hall afirmou à Lusa não o "preocupar a negação sem fundamento científico das alterações climáticas".

"Ninguém acredita, em particular na Europa, que o aquecimento global não está a acontecer", disse.

Para o especialista, que em Gaia fará uma preleção sobre "Sustentabilidade futura e inspiração local", o papel dos políticos nesta área "não é mais importante que uma ação global de estímulo e proliferação de comportamentos e valores individuais e coletivos focados na qualidade e no bem-estar".

Natural da Califórnia disse que isso lhe permitiu "não só assistir aos problemas causados pelo impacto humano no meio ambiente", citando o exemplo da sua cidade-natal, Los Angeles, como também "desde cedo, às tentativas de mudar comportamentos para torná-los um mais sustentáveis".

"Ter crescido na década de 1970 deu-me a possibilidade de conhecer a energia eólica, as baixas emissões dos veículos, avaliação de impacto ambiental, limpeza de derramamentos de óleo e escassez de água", elencou.

E quando na década de 1980 se mudou para a Suécia, aprendeu mais sobre como "a sociedade civil trabalha de perto com o município e com o Estado numa gestão democrática participativa".

"Os americanos são mais individualistas, enquanto os europeus muitas vezes enfatizam a responsabilidade coletiva. Os americanos são, portanto, muito bons na localização da economia, enquanto os europeus se concentram mais na regulamentação do mercado e na influência do comportamento do consumidor", comparou.

Questionado sobre a visão dos mais jovens, foi taxativo: "a juventude sabe que há limitações naturais e que a humanidade não poderá por muito mais tempo continuar a desrespeitar a natureza".

"Portanto, é uma questão de tempo até que todos nós tenhamos valores e comportamentos sustentáveis. Infelizmente, não temos muito tempo para isso. Quanto mais lenta a transição, mais difícil se tornará, pois as nossas opções vão-se reduzindo", advertiu.

Desafiado a imaginar o planeta daqui a 100 anos, Hall pintou-o de verde: "imagino zonas urbanas sustentáveis e áreas rurais viáveis, onde as cidades adquirem características rurais, como a jardinagem urbana, comunidades mais fortes e renováveis e aldeias repovoadas a partir das cidades, graças à alta qualidade de vida que oferecem, estimulando a inovação económica e social e uma vida cultural rica".

E concluiu: "Se conseguirmos adaptar-nos a um conjunto saudável de valores sustentáveis, aprofundar e desenvolver as nossas práticas democráticas, estou certo de que dentro de um século teremos maior bem-estar do que atualmente".

 

 

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