Rede Elétrica de Espanha tem causa do apagão "mais ou menos localizada" e isenta renováveis

por Carlos Santos Neves - RTP
Carlos de Saa - EPA

A presidente da Rede Elétrica espanhola, Beatriz Corredor, admitiu esta quarta-feira, em declarações à rádio Cadena Ser, que a estrutura tem já a causa do apagão do início da semana "mais ou menos localizada". Para ressalvar, sem mais detalhes, que é necessário analisar milhões de dados. Ainda assim, considera desde já incorreto associar a quebra às energias renováveis.

"Sabemos a causa e já a temos mais ou menos localizada, mas enquanto não se analisarem todos os dados que vêm dos geradores não a podemos conhecer", frisou Beatriz Corredor.

"Nós operamos o centro de controlo nacional, mas há outros 35 centos aos quais todos os geradores reportam dados. É essa informação que se pediu a partir da Rede Elétrica e do Governo para poder saber qual o sistema que se desconectou", afirmou.


A presidente da espanhola Rede Elétrica enfatiza, na mesma entrevista, que, na segunda-feira, "não havia nenhuma circunstância distinta" que pudesse causar a quebra generalizada no abastecimento de energia na Península Ibérica. Vinca também que é incorreto "relacionar o incidente com uma penetração das renováveis".

As tecnologias das energia renováveis, insistiu Corredor, funcionam "de forma estável" e dispõem de "sistemas que lhes permitem trabalhar como um sistema de geração convencional, sem nenhum problema de segurança".


A responsável pela operadora elétrica do país vizinho sustenta ainda que "o sistema espanhol funciona com as medidas de segurança mais estritas de toda a Europa", salientando o que descreveu como a rapidez da recuperação da rede.
Ana Romeu - correspondente da RTP em Madrid

"Foi uma proeza que nunca se havia experimentado. Nenhum outro sistema no mundo foi capaz de se repor com esta rapidez e eficiência", enfatizou Beatriz Corredor, que quis, ainda assim, mostrar-se consciente de que o sentido de urgência dos cidadãos nem sempre é compatível com os processos técnicos.O presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, não excluiu, na terça-feira, a possibilidade de o apagão ter sido originado por um ciberataque e prometeu uma investigação a fundo. Cenário que fora anteriormente descartado pela Rede Elétrica.

A presidente da Rede Elétrica afirma compreender a posição do Executivo de Madrid e garante que a estrutura a que preside está a facultar todos os dados que lhe são solicitados pelas autoridades de investigação.

"Os nossos sistemas estão super-protegidos, à prova de ataques, mas quem nos diz que não tenha havido uma sofisticação tal que tenha sido possível enfiltrarem-se nos nossos sistemas, algo que os serviços tradicionais não tenham podido detetar", admitiu.

Beatriz Corredor põe de parte, à partida, a hipótese de se demitir: "Seria como reconhecer que não se atuou corretamente e não é assim".

"Ao dia de hoje, não voltará a acontecer porque aprendemos, temos todas as medidas de segurança para que assim seja. Os cidadãos têm que estar tranquilos", rematou.
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