O discurso do rei Guilherme Alexandre, lido terça-feira na Haia, fez referência à crise dos refugiados e aos conflitos daí resultantes. O Governo de centro-esquerda irá impor aos refugiados, a partir de 2017, a assinatura de uma “declaração de participação”.
O rei esclareceu que, apesar da preocupação sobre as grandes diferenças culturais, não pretende que os refugiados “renunciem à sua cultura e origens”. Alerta, no entanto, que “as normas estabelecidas são invioláveis” e que a violência será firmemente punida.
Afirma, ainda, que todos aqueles que desejarem entrar no país não deverão fazer discriminações raciais, religiosas ou a nível de orientação sexual.
O documento, redigido pelo Governo e lido pelo rei, realça também medidas de apoio aos refugiados. São destacadas “iniciativas privadas e municipais destinadas a incentivar os requerentes de asilo a participar na sociedade”.
O monarca frisa que a Holanda é “um país forte num mundo instável” e que é inevitável a “preocupação social perante as diferenças culturais” que poderão advir da chegada de milhares de refugiados. Outra questão levantada é a da possível sobrecarga que os serviços públicos poderão sofrer com o elevado fluxo humano.
Vários partidos da oposição mostraram-se frustrados com o discurso. Geert Wilders, populista antimuçulmano, considerou-o um “conto de fadas” e afirmou que o país está a ser “destruído” pela subida de impostos e cortes na saúde derivados do acolhimento de refugiados.
Durante o discurso que marca a abertura do ano parlamentar, Guilherme Alexandre referiu ainda os ataques terroristas na Europa, afirmando que “não devemos deixar os terroristas ameaçar a nossa liberdade, segurança e valores democráticos”.
Estima-se que cerca de 70.000 refugiados irão dar entrada na Holanda no próximo ano.