Pelo menos uma dezena de operacionais das forças especiais australianas receberam avisos de potencial expulsão por parte do Estado-Maior das Forças Armadas do país, na sequência da publicação de um relatório que veio denunciar execuções sumárias de prisioneiros e civis no Afeganistão. Em causa estão 39 alegados assassínios.
Além destes elementos, outros 19 efetivos do Serviço Aéreo Especial enfrentam possíveis acusações de homicídio e “tratamento cruel” neste processo.O Governo e a cúpula das Forças Armadas da Austrália vieram, na semana passada, formalizar um pedido de desculpas ao Afeganistão, cujas autoridades consideraram imperdoáveis as ações imputadas aos soldados australianos.
Um par de operacionais militares australianos foi já despedido. Estes dois soldados, segundo a comunicação social australiana, foram testemunhas da execução de um civil afegão.
O relatório conhecido há uma semana denunciou a existência de uma “cultura guerreira” entre parte das forças australianas destacadas para o Afeganistão, apontando o dedo, em concreto, a 25 operacionais de tropas especiais: terão participado em execuções sumárias diretamente ou como cúmplices em 23 incidentes.
O mesmo relatório recomenda, porém, que a polícia federal australiana investigue um total de 36 incidentes.
O general Angus Campbell, chefe das Força de Defesa da Austrália, já assumiu que nenhum destes casos pode “descrito como tendo acontecido no calor da batalha”.
Soldados menos experimentados seriam instruídos a matar prisioneiros, numa espécie de prática iniciática. Terão ainda sido colocadas armas junto a corpos de afegãos para ocultar crimes de guerra.O Executivo de Scott Morrison vai igualmente formar um painel independente com a missão de garantir “responsabilização e transparência”, à parte da cadeia de comando das Forças Armadas.
A Austrália conserva em solo afegão um destacamento de 400 operacionais, integrado em esforços de manutenção de paz partilhados com os Estados Unidos e demais aliados.