Rússia inicia ataques aéreos na Síria

por Andreia Martins, RTP
A intervenção foi aprovada por unanimidade em Moscovo pela Câmara Alta do Parlamento Russo. Foto: Mike Segar - Reuters

Segundo as agências internacionais, os primeiros ataques não abrangem zonas controladas pelo Estado Islâmico e terão já causado as mortes de 36 civis. A investida acontece poucas horas depois de Vladimir Putin ter recebido luz verde do Parlamento russo para uma intervenção militar no país.

Segundo um oficial de Washington ainda não identificado, Moscovo terá notificado a Casa Branca apenas uma hora antes de arrancar com as operações. A Embaixada norte-americana em Bagdade também terá sido informada.

Segundo as agências internacionais, os primeiros ataques não abrangem zonas controladas pelo Estado Islâmico no país, mas antes os opositores do regime de Bashar al-Assad. Fontes diplomáticas em Paris enfatizam também que o ataque não é dirigido ao Daesh.

Uma informação que já foi entretanto desmentida pelo Ministério russo da Defesa, que assegura que os ataques são dirigidos ao grupo extremista e não apenas a grupos rebeldes de oposição síria.

De resto, as investidas da manhã desta quarta-feira terão já provocado 36 mortes entre a população civil. Segundo Khaled Khoja, um dos líderes da Oposição Síria Livre (coligação que luta contra o regime sírio), a zona alvo dos raides aéreos foi conquistada ao Estado Islâmico há cerca de um ano. 

Intervenção a pedido de Assad
A intervenção aérea na Síria terá surgido na sequência de um pedido de Damasco endereçado diretamente a Moscovo.

Segundo o gabinete de Bashar al-Assad, citado pela televisão estatal do país, qualquer reforço no apoio militar "aconteceria em resultado de um pedido apresentado pelo Estado da Síria".

Entretanto, Estados Unidos e forças aliadas conduziram uma série de ataques aéreos contra várias bases do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

Duas intervenções simultâneas, mas sem cordenação conjunta, colocaram em evidência as divergências entre Vladimir Putin e Barack Obama quanto à forma de atuação na Síria, no encontro de há dois dias à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Mas Sergey Lavrov, ministro russo dos Negócios Estrangeiros, assegura que informou a coligação liderada pelos Estados Unidos da disponibilidade do Kremlin em estabelecer "canais de comunicação" na investida sobre grupos terroristas.

Esta quarta-feira, Putin recebeu a aprovação unânime da câmara alta do Parlamento russo para dar início a uma intervenção histórica num dos principais aliados de Moscovo no Médio Oriente, mergulhado numa violenta guerra civil há mais de quatro anos.

Num encontro entre os responsáveis do Governo de Moscovo também esta quarta-feira, o Presidente russo afirmou que a "ação preventiva é a única forma de lidar com os terroristas na Síria" e que a intervenção seria apenas "temporária" e espera "um compromisso para o futuro" de Bashar al-Assad.
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