Rússia quer combater "grave ameaça" representada pela NATO

por Inês Moreira Santos - RTP
Reuters

Em Washington, os chefes de Estado e de governo da NATO comprometeram-se com um mínimo de 40 mil milhões de euros para apoiar o esforço ucraniano frente à guerra com a Rússia. Em reação, Moscovo prometeu "medidas" para combater "a grave ameaça" da Aliança Atlântica, que o Kremlin acusa de estar "totalmente envolvida no conflito com a Ucrânia". Entretanto, Kiev apreendeu um cargueiro com bandeira dos Camarões, acusado de transportar cereais provenientes da região da Crimeia ocupada pela Rússia.

“Somos obrigados a analisar muito profundamente as decisões que foram tomadas [na cimeira da NATO], as discussões que houve, a analisar com muito cuidado o texto da declaração que foi adotada”, afirmou esta quinta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado por agências russas.

“É uma ameaça muito grave para a segurança nacional", continuou, acrescentando que tal "exigirá que medidas ponderadas, coordenadas e eficazes para conter a NATO".

"Constatamos que os nossos adversários na Europa e nos Estados Unidos não são partidários do diálogo. E, a julgar pelos documentos adotados na cimeira da NATO, não são partidários da paz", disse Peskov. "A Aliança (Atlântica) é um instrumento de confrontação, não de paz e segurança".

"Desde o início, dissemos que a expansão da NATO para a Ucrânia representava uma ameaça inaceitável para nós (...) Agora vemos a NATO a adotar um documento que diz que a Ucrânia vai definitivamente aderir à NATO", acusou ainda.

A somar às tensões diplomáticas com o oriente, os líderes da NATO expressaram, na quarta-feira, "profundas preocupações" com a reaproximação entre a Rússia e a China e criticaram o apoio de Pequim ao esforço de guerra russo na Ucrânia. Nas últimas horas, a China, por sua vez, reagiu e exortou a Aliança a deixar de "incitar ao confronto" entre blocos.
Alexandra Sofia Costa - Antena 1

“A NATO deve deixar de fazer alarido sobre uma suposta ameaça da China, deixar de incitar ao confronto e à rivalidade e dar um maior contributo para a paz e a estabilidade no mundo"
, lê-se numa declaração do porta-voz da missão chinesa junto da União Europeia, na qual sublinhou que as observações da aliança estão “cheias" de "calúnias".
Contraofensiva ucraniana

Ao mesmo tempo que os aliados ocidentais debatem a adesão da Ucrânia à NATO e o reforço da defesa dos Estados-membros, a Rússia acusa Kiev de tentativas de ataques, afirmando que abateu, na quarta-feira à noite, cinco drones ucranianos sobre o seu território, incluindo nos arredores de Moscovo.

Numa nota militar do Ministério russo da Defesa, divulgada na rede social Telegram, é referido os aparelhos aéreos não tripulados, todos de asa fixa, foram destruídos nas regiões de Bryansk, Moscovo, Tambov e Tula.

“De acordo com dados preliminares, não houve vítimas ou danos no local da queda dos fragmentos [do drone)", declarou o autarca de Moscovo, Sergei Sobyanin.

O drone, acrescentou Sobyanin, foi abatido pelas defesas antiaéreas no distrito de Stupinski, na região de Moscovo, localizado a cerca de 40 quilómetros a sul da capital russa.

As forças ucranianas têm atacado o território russo quase diariamente com ataques aéreos em resposta aos bombardeamentos do exército russo no território ucraniano.
Ucrânia captura navio de cereais da Crimeia
As autoridades ucranianas apresaram um cargueiro dos Camarões, acusado de transportar cereais provenientes da região da Crimeia ocupada pela Rússia. Segundo Kiev, esta operação rara ilustra os riscos marítimos do conflito.

O navio "Usko MFU" entrou no porto de Sebastopol, já por duas ocasiões, depois de ter desativado o sistema (AIS) que permitia a localização do cargueiro, afirmou esta quinta-feira a Procuradoria-Geral ucraniana.

Segundo a mesma fonte, pelo menos no primeiro transporte, em novembro de 2023, o navio transportou três mil toneladas de produtos agrícolas para uma empresa turca.

"No final de maio de 2024, o navio entrou pela segunda vez no porto de Sebastopol (...), onde descarregou mercadorias provenientes da Turquia. Em seguida, deixou o porto, indicando Istambul como destino. No entanto, depois de ter reativado o AIS, a 02 de julho, o navio deu entrada num porto da Moldova", explica o Ministério Público da Ucrânia.

O navio acabou por ser abordado quando "atravessava as águas do porto [ucraniano] de Reni", no Danúbio, segundo a mesma fonte.

O capitão do cargueiro, cidadão do Azerbaijão, é ainda acusado de violar a lei ucraniana, que proíbe a entrada ou saída dos territórios ucranianos ocupados pela Rússia, incluindo a Crimeia. Os serviços de segurança ucranianos afirmaram ainda que se encontravam a bordo doze outros membros da tripulação, que não são cidadãos ucranianos.

De acordo com o serviço noticioso Lloydlist, o navio foi abordado nas águas romenas do Danúbio, a caminho do Mar Negro, e está atualmente carregado de cevada com destino ao porto de Souda, na Grécia.

O portal MarineTraffic, citado pela agência France Presse, indica que o "Usko" estava ancorado no Danúbio no passado dia 7 de julho.

O transporte de cereais provenientes de territórios ucranianos, sob o controlo de Kiev ou da Rússia, foi um dos pontos cruciais em 2022, no início do conflito, uma vez que são considerados essenciais para alimentar muitos países em todo o mundo.

c/ agências
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