Num novo episódio da tensão que marca as relações entre os países vizinhos, a presidência argelina anunciou, na noite de quarta-feira, o fecho "imediato" do seu espaço aéreo "a todos os aviões civis e militares marroquinos, assim como às aeronaves que tenham uma matrícula marroquina". A Argélia acusa Marrocos de "provocações continuadas e de práticas hostis".
O ministro argelino dos Negócios Estrangeiros utilizou palavras idênticas, após o anúncio, acrescentando que se “tratou de uma situação anómala que devia terminar a qualquer custo”. “Os serviços de segurança e de propaganda marroquinos travam uma guerra ignóbil contra a Argélia, o seu povo e os seus dirigentes”, acrescentou o ministro Ramtane Lamamra.
Na prática, significa que as fronteiras aéreas com Marrocos vão continuar fechadas por tempo indeterminado, o que já acontece desde 17 de março, devido à pandemia de Covid-19. Em junho, Argel restabeleceu as viagens com sete países, não se encontrando Marrocos nesta lista.
“Os voos entre os dois países não foram retomados e os argelinos que quiserem ir a Marrocos transitam por Túnis”, refere fonte da companhia estatal Air Algérie. A decisão afeta sobretudo os aviões marroquinos cujos trajetos impliquem o sobrevoo do território argelino.
Argel e Rabat têm um historial de relacionamento difícil, sendo o corte de relações diplomáticas a 24 de agosto, por iniciativa dos argelinos, um dos mais recentes incidentes. Para trás, ficam décadas de pressão crescente e o aumento da rivalidade entre os dois países do Magrebe.
Silêncio de Marrocos
As autoridades de Rabat preferem não comentar a decisão argelina, apesar de a agência espanhola EFE ter contactado diversas fontes oficiais.
O fecho do espaço aéreo não foi noticiadp pela agência oficial de notícias marroquina MAP, à semelhança do que aconteceu a 26 de agosto. Nesta altura, a Argélia anunciou o corte do gasoduto que liga o país a Espanha, através do Marrocos.
Com o corte, Marrocos deixa de receber uma receita anual de sete por cento do gás transferido.
Saara ocidental
O principal motivo da discórdia entre os dois países é o Saara ocidental, uma antiga colónia espanhola de área superior a 250 mil quilómetros quadrados, árida e desértica, em que 80 por cento do território está sob controlo de Marrocos, com o qual faz fronteira. No entanto, outros países fronteiriços são a Argélia e a Mauritânia.
O fecho do espaço aéreo não foi noticiadp pela agência oficial de notícias marroquina MAP, à semelhança do que aconteceu a 26 de agosto. Nesta altura, a Argélia anunciou o corte do gasoduto que liga o país a Espanha, através do Marrocos.
Com o corte, Marrocos deixa de receber uma receita anual de sete por cento do gás transferido.
Saara ocidental
O principal motivo da discórdia entre os dois países é o Saara ocidental, uma antiga colónia espanhola de área superior a 250 mil quilómetros quadrados, árida e desértica, em que 80 por cento do território está sob controlo de Marrocos, com o qual faz fronteira. No entanto, outros países fronteiriços são a Argélia e a Mauritânia.
Considerado como “território não autónomo” pela ONU, o Saara ocidental é motivo de choque há décadas entre Marrocos e os independentistas da Frente Polisário, que contam com o apoio da Argélia. Marrocos defende um plano de autonomia do território mas sob a sua soberania, enquanto a Frente Polisário pede um referendo de auto-determinação sob a égide da ONU.
Na semana passada, Marrocos concordou com a nomeação do diplomata italo-sueco Staffan de Mistura como novo enviado especial das Nações Unidas para o Saara ocidental, um cargo vago desde 2019.
“Marrocos foi consultado sobre esta nomeação e já deu conta do seu acordo a António Guterres”, secretário-geral da ONU, anunciou o diplomata marroquino Omar Hilale.