O ministro português dos Negócios Estrangeiros disse em Loulé que, se não houvesse medidas para evitar um Brexit desordenado, isso representaria um "alimento muito generoso" para todos os que são contra a União Europeia.
Augusto Santos Silva, que falava em Loulé durante uma iniciativa aberta do Partido Socialista dedicada ao tema do Brexit, sublinhou que "qualquer displicência" dos Estados-membros "em relação ao cenário de caos será paga em dobrado, se não em triplo, nas próximas eleições europeias, porque isso servirá de argumento, meses e meses a fio, para aqueles que querem destruir a União Europeia".
O ministro dos Negócios Estrangeiros disse ainda que o "pânico é o pior inimigo da política democrática" e que "é muito fácil de criar", aludindo a uma reportagem sobre a venda de kits de sobrevivência no Reino Unido perante a iminência do caos nas fronteiras.
Dirigindo-se aos britânicos presentes no local, Santos Silva reiterou que o período para o registo dos cidadãos britânicos em Portugal decorrerá até ao final de 2020, mas apelou para que o façam o quanto antes, de preferência até 29 de março, estimando que haja ainda cerca de 15 mil cidadãos do Reino Unido não registados no país.
No final da sua intervenção, o governante respondeu a algumas questões da plateia, em português e em inglês, tranquilizando todos aqueles que levantaram dúvidas burocráticas, na sua maioria relacionadas com documentos como a carta de condução ou o título de residência, bem como com receios de maior dificuldade em entrar no país através dos aeroportos.
Marcelo em consonância
Uma opinião também partilhada por Marcelo Rebelo de Sousa. O Presidente da República anunciou que vai convocar uma reunião do Conselho de Estado para março para debater as consequências mundiais do Brexit.
Esta quinta-feira Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir o negociador-chefe da União Europeia.
Frieza dos números
O Parlamento britânico reprovou na terça-feira de forma expressiva o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo da primeira-ministra, Theresa May, com Bruxelas, com 432 votos contra e 202 a favor.
Uma desvantagem de 230 votos, sendo que 118 dos votos contra foram de deputados do próprio partido Conservador da primeira-ministra.
Entretanto, na quarta-feira, os deputados britânicos rejeitaram a moção de censura contra o Governo de Theresa May, com 306 deputados a votarem a favor da moção de censura e 325 contra, numa diferença de apenas 19 votos.
A dois meses e meio da data prevista para a saída, 29 de março, o processo fica agora com um futuro incerto.
c/ agências
Tópicos