"Secções esmagadas". Kim irritado com "grave acidente" em batismo de navio de guerra

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, condenou um “grave acidente” ocorrido durante o lançamento de um novo navio de guerra na quinta-feira, considerando-o um “ato criminoso” que não pode ser tolerado.

Cristina Sambado - RTP /
Imagem de satélite mostra o novo navio de guerra norte-coreano no porto de Chongjin Maxar Technologies /Handout via Reuters

Kim, que esteve presente no lançamento, ordenou que o navio fosse restaurado antes de uma reunião importante do partido em junho, e que os envolvidos na conceção do navio fossem responsabilizados pelo incidente que, segundo ele, “danificou gravemente a dignidade e o orgulho da nossa nação num instante”.

Kim sublinhou que os "erros irresponsáveis" dos culpados seriam "abordados na reunião plenária do Comité Central do Partido, a realizar no próximo mês".Os meios de comunicação social estatais não mencionaram quaisquer vítimas ou feridos em resultado do incidente.


A agência estatal KCNA aponta para a "inexperiência do comando e negligência operacional", durante o lançamento, e que "algumas secções do fundo do navio de guerra foram esmagadas". O acidente "destruiu o equilíbrio do navio".


Kim atribuiu o acidente de quinta-feira, que teve lugar num estaleiro naval na cidade portuária de Chongjin, no leste do país, à “absoluta falta de cuidado, irresponsabilidade e empirismo não científico”.Não se sabe ao certo qual o castigo a que poderão ser sujeitos, mas o Estado autoritário tem historial em matéria de desrespeito pelos Direitos Humanos.

O incidente de quinta-feira ocorre semanas depois de a Coreia do Norte ter revelado um novo contratorpedeiro de cinco mil toneladas na costa oeste do país que, segundo Pyongyang, está equipado para transportar mais de 70 mísseis.

Kim considerou o navio de guerra um “avanço” na modernização das forças navais do país e disse que seria colocado em ação no início do próximo ano.

O nome do barco não foi especificado. Em abril, Pyongyang divulgou imagens de um navio contratorpedeiro de cinco mil toneladas, chamado Choe Hyon.


Na altura, os meios de comunicação estatais transmitiram imagens de Kim a participar numa cerimónia com a filha, Kim Ju-ae, que muitos especialistas acreditam que será a sucessora no poder.

A Coreia do Norte alegou que o navio estava equipado com as "armas mais poderosas" e que "entraria ao serviço no início do próximo ano".

Segundo alguns especialistas, o Choe Hyon poderá ser equipado com mísseis nucleares táticos de curto alcance, embora a Coreia do Norte não tenha até ao momento provado ter a capacidade de desenvolver armas nucleares de pequena dimensão.

O reconhecimento público de falhas técnicas ou administrativas é altamente invulgar na Coreia do Norte. O regime esconde frequentemente incidentes que podem ser interpretados como sinais de fraqueza ou incompetência, especialmente em sectores estratégicos como o militar.Segundo os ativistas, as pessoas podem ser presas por quase tudo, desde ver um DVD sul-coreano até tentar desertar.

É raro a Coreia do Norte divulgar publicamente acidentes locais - embora o tenha feito algumas vezes no passado.

Em novembro passado, descreveu a explosão em pleno ar de um satélite militar, seis meses antes, como um “fracasso gravíssimo” e criticou os funcionários que “conduziram irresponsavelmente os preparativos” para o mesmo.

Em agosto de 2023, o Estado culpou um erro no sistema de emergência do lançamento de um satélite, mas afirmou que “não se tratava de um grande problema”Seul acusa Pyongyang de lançamento de mísseis
O exército da Coreia do Sul afirmou esta quarta-feira que a Coreia do Norte disparou mísseis de cruzeiro não identificados para o mar.

O Estado-Maior sul-coreano afirmou ter detetado os mísseis perto da província de Hamgyong do Sul, no leste da Coreia do Norte, que foram disparados em direção ao mar do Japão.


O último lançamento de mísseis por parte da Coreia do Norte tinha acontecido em 8 de maio.

Na altura, os Estados Unidos, o Japão e a Coreia do Sul condenaram o lançamento como uma ameaça à paz e à segurança da região e da comunidade internacional.

Os responsáveis dos três países "reafirmaram que os lançamentos da Coreia do Norte violam as resoluções relevantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas".

c/ agências
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