Seehofer apresenta "master plan" para conter vaga migratória na Alemanha

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Hannibal Hanschke, Reuters

O ministro alemão do Interior apresentou esta terça-feira o seu grande plano para lidar com as massas migrantes que chegam às fronteiras da Alemanha. Pelo meio, Horst Seehofer, em pleno aniversário, permitiu-se um malabarismo com números. E fez questão de sublinhar que o plano era da responsabilidade do seu gabinete, nada tendo a ver com a chanceler Angela Merkel.

Após meses a moer a chefe de governo com o problema dos imigrantes, o ministro alemão do Interior apresentou finalmente o seu plano de asilo. Depois das ameaças de demissão e arranjos de última hora com Angela Merkel, uma chefe de Governo completamente dependente da CSU (União Social-Cristã da Baviera) de Seehofer, seria de esperar que o texto cumprisse não apenas a missão de arrumar o assunto da migração como também relaxasse o ambiente da coligação.

Pelo contrário, Horst Seehofer continua rígido com o azimute apontado no mesmo sentido de há meses: livrar-se dos imigrantes, sejam quais forem os métodos e procedimentos que vierem a ser estabelecidos pela burocracia. Foi nesse sentido que sublinhou que “este não é um plano da coligação", mas um plano do seu gabinete.

“Quero deixar claro, outra vez, que este não é um plano da coligação. É um plano do Ministério do Interior da Alemanha e tudo o que já aconteceu ou venha a acontecer nas próximas semanas não vai refletir-se numa atualização deste plano”, sublinhou Seehofer.

Horst Seehofer permitiu-se brincar com a situação e com o facto de este tão aguardado anúncio ter sido adiado até ao dia do seu sexagésimo nono aniversário. O ministro sublinhava ontem, dia em que fazia 69 anos, que não tendo nisso qualquer responsabilidade, eram deportados 69 imigrantes afegãos. Um dos deportados acabou por se suicidar.
Plano de 63 pontos

Do plano de Horst Seehofer – que, diz o próprio, foi concluído há uma semana, no dia 4 – constam 63 pontos, com esse sublinhado do ministro do Interior de que se trata de um esquema trabalhado pela sua equipa e não pelo governo de coligação.

Seehofer não escondeu o clima tenso que se vive dentro da coligação, deixando antever a dificuldade que representará a implementação desta solução.

O líder da CSU tem vindo a opor-se à filosofia de Merkel no que respeita à vaga migratória na Europa, desde logo quando deixou fortes críticas ao texto da Cimeira de Bruxelas dedicada ao tema, a meio de Junho, e posteriormente, há duas semanas, com ameaças de demissão se não fossem endurecidas as políticas de imigração na Alemanha.

Na solução agora desenhada, Horst Seehofer pretende tornar o país menos atraente para os migrantes que atravessam o Mediterrâneo, recusando-se a aceitar que a Alemanha seja vista como o destino final de pessoas previamente registadas noutros locais.

As compensações em dinheiro podem ser uma solução para amenizar a vaga de requerentes de asilo. Acelerar a revisão desses pedidos de asilo e a deportação dos candidatos rejeitados são outras medidas agora contempladas. Considerando a datação do documento a 4 de Julho, terão ficado de fora medidas concertadas com os parceiros de coligação, o que indiciará novo agudizar da crise no executivo da chanceler Merkel.

Um ponto de fricção será a referência aos centros de trânsito na fronteira com a Áustria, já comparados a campos de concentração onde os refugiados aguardam pela clarificação da sua situação e pela resposta aos pedidos de asilo. Uma alternativa proposta pelo SPD consiste nessa aceleração dos procedimentos para reenviar os migrantes de regresso aos países onde foram inicialmente registados num prazo de 48 horas.

Uma solução menos evidente, já que obriga a celebrar acordos com os parceiros europeus, em especial a Áustria, a Itália e a Grécia.
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