"Segurança do flanco oriental da NATO". Polónia pronta a acolher armas nucleares

por Cristina Sambado - RTP
Yves Herman - Reuters

A Polónia está disposta a acolher armas nucleares no seu território se a NATO, de que é membro, decidir reforçar o flanco oriental face à instalação de novas armas pela Rússia nas vizinhas Kaliningrado e Bielorrússia, revela o presidente polaco em entrevista publicada esta segunda-feira. Para Moscovo, o Ocidente está a alimentar estratégias que aumentam o risco entre as maiores potências nucleares.

"Se os nossos aliados decidirem instalar armas nucleares como parte da partilha nuclear no nosso território, a fim de reforçar a segurança do flanco oriental da NATO, estamos prontos a fazê-lo", afirmou o presidente polaco, Andrzej Duda, ao diário Fakt.
A Polónia, forte apoiante da Ucrânia, faz fronteira com o enclave russo de Kaliningrado e com a Bielorrússia, aliada de Moscovo. Kaliningrado ficou isolada de Moscovo quando a Lituânia se tornou independente, no colapso da União Soviética, em 1991.
Andrzej Duda, que se encontra no Canadá depois de uma visita aos Estados Unidos, onde se encontrou com o antigo presidente Donald Trump e visitou a ONU, acrescentou que a questão da potencial instalação de armas nucleares na Polónia tem sido objeto de discussões entre a Polónia e os Estados Unidos "há algum tempo".

"Já abordei este assunto em várias ocasiões. Devo admitir que quando me perguntam sobre o assunto declarei a nossa disponibilidade", frisou. O chefe de Estado polaco encontrou-se com o seu homólogo americano Joe Biden em março.

Segundo Duda, "a Rússia está a militarizar cada vez mais o enclave de Kaliningrado. Está em vias de transferir as suas armas nucleares para a Bielorrússia", dois territórios que fazem fronteira com a Polónia.

Em junho de 2023, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que tinha transferido as primeiras armas nucleares para a Bielorrússia.

Na Cimeira de Vilnius, em 2023, os aliados reafirmaram que a NATO faria "tudo o que for necessário para garantir a credibilidade, a eficácia, a segurança e a proteção da sua missão de dissuasão nuclear, incluindo a continuação da modernização das suas capacidades nucleares e a atualização do seu processo de planeamento".
Ocidente à beira de conflito entre potências nucleares
O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, afirmou esta segunda-feira que o apoio dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França à Ucrânia está a alimentar sérios riscos estratégicos que aumentaram o risco de um confronto direto entre as maiores potências nucleares do mundo.

Lavrov considera que os Estados Unidos e a NATO estão obcecados com a ideia de infligir uma "derrota estratégica" à Rússia e que havia riscos em tal confronto que poderiam levar a um aumento do nível de perigo nuclear.

"Os ocidentais estão perigosamente à beira de um confronto militar direto entre potências nucleares, o que tem consequências catastróficas", disse Lavrov.

Os Estados Unidos e os seus aliados afirmam que estão a ajudar a Ucrânia a defender-se da agressão russa e que é a Rússia que está a agravar as tensões este-oeste, nomeadamente ao emitir repetidos avisos sobre o perigo de um conflito nuclear.

"É particularmente preocupante o facto de ser a troika dos Estados nucleares ocidentais que se encontram entre os principais patrocinadores do regime criminoso de Kiev, os principais iniciadores de várias medidas provocatórias. Vemos nestes sérios riscos estratégicos, que levam a um aumento do nível de perigo nuclear", sublinhou Lavrov.

Os três países ocidentais com armas nucleares são os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França.

c/ agências
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