Mundo
Guerra no Médio Oriente
"Retórica russa clássica". Putin associa à Ucrânia distúrbios contra israelitas no Daguestão
O presidente russo, Vladimir Putin, tentou na segunda-feira deslocar o foco sobre o Kremlin, acusando o Ocidente de estar por detrás dos tumultos pró-palestinianos no aeroporto do Daguestão, que visaram um voo com israelitas. Os Estados Unidos classificam como "absurdas" as alegações da Rússia.
Na segunda-feira, durante uma transmissão televisiva de uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, Vladimir Putin afirmou que agentes ucranianos de agências de espionagem ocidentais estavam por detrás dos distúrbios antissemitas no aeroporto do Daguestão.
E deixou uma insinuação:"Quem está a organizar o caos mortal e quem dele beneficia hoje, na minha opinião, já se tornou óbvio".
“São as atuais elites governantes dos EUA e dos seus satélites, os principais beneficiários da instabilidade mundial”, reiterou Putin.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, para vincar as palavras de Putin, relembrou como pode ser fácil uma manobra de propaganda: "Tendo como pano de fundo imagens de TV que mostram os horrores do que está a acontecer na Faixa de Gaza - as mortes de pessoas, crianças, idosos - é muito fácil para os inimigos aproveitarem-se e provocarem a situação".
“São as atuais elites governantes dos EUA e dos seus satélites, os principais beneficiários da instabilidade mundial”, reiterou Putin.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, para vincar as palavras de Putin, relembrou como pode ser fácil uma manobra de propaganda: "Tendo como pano de fundo imagens de TV que mostram os horrores do que está a acontecer na Faixa de Gaza - as mortes de pessoas, crianças, idosos - é muito fácil para os inimigos aproveitarem-se e provocarem a situação".
Ocidente nega acusação
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, reagiu de imediato à alegação de Putin de que os incidentes antissemitas tinham sido organizados por entidades ocidentais e enquadra tais declarações na “retórica russa clássica”.
“Quando alguma coisa corre mal no seu país, culpa-se outra pessoa”, observou dizendo que são acusações "absurdas".
“O Ocidente não teve nada a ver com isto”, acrescentou Kirby, criticando Putin por não ter feito mais para condenar a violência, que descreveu como “uma demonstração arrepiante de ódio”.
Canal Morning Dagestan
O governador do Daguestão, Sergei Melikov, também alinhou com o Governo de Moscovo, alegando que os motins tinham sido incitados “a partir do território da Ucrânia por traidores”, através de um canal do Telegram chamado Morning Dagestan.
O Morning Dagestan ou Utro Dagestan é um canal islâmico que se opõe ao controlo russo da região e tem sido associado a Ilya Ponomarev, um ex-deputado russo que desertou para a Ucrânia em 2016 e obteve a cidadania ucraniana.
Na manhã de domingo, o canal Morning Dagestan, através da plataforma Telegram, publicou detalhes sobre o voo que chegaria naquele dia de Telavive.
As publicações instaram os utilizadores da rede a “irem ao encontro dos visitantes inesperados” no principal aeroporto do Daguestão, em Makhachkala. O voo chegaria às 19h00, hora local.
Canal Morning Dagestan
O governador do Daguestão, Sergei Melikov, também alinhou com o Governo de Moscovo, alegando que os motins tinham sido incitados “a partir do território da Ucrânia por traidores”, através de um canal do Telegram chamado Morning Dagestan.
O Morning Dagestan ou Utro Dagestan é um canal islâmico que se opõe ao controlo russo da região e tem sido associado a Ilya Ponomarev, um ex-deputado russo que desertou para a Ucrânia em 2016 e obteve a cidadania ucraniana.
Na manhã de domingo, o canal Morning Dagestan, através da plataforma Telegram, publicou detalhes sobre o voo que chegaria naquele dia de Telavive.
As publicações instaram os utilizadores da rede a “irem ao encontro dos visitantes inesperados” no principal aeroporto do Daguestão, em Makhachkala. O voo chegaria às 19h00, hora local.
À hora prevista da chegada do voo, vídeos e fotos começaram a surgir nas redes sociais a mostrarem a invasão ao terminal do aeroporto da cidade de Makhachkala.
A multidão agitava bandeiras palestinianas e gritaram “Allah akbar” ou “Deus é grande”. Alguns manifestantes seguravam cartazes manuscritos que diziam: “Assassinos de crianças não são bem-vindos no Daguestão” e “Somos contra os refugiados judeus”. As autoridades levaram várias horas para dispersar a multidão, que atirou pedras contra a polícia. Dos confrontos resultaram mais de 60 detidos e duas dezenas de feridos.
A BBC investigou as mensagens partilhadas no Morning Dagestan e encontrou também “outros chats locais do Telegram que partilham ideologia antissemita semelhante e incitando a violência”.
Após os comentários de Melikov, o canal publicou um comunicado a negar qualquer ligação com Ponomarev ou a Ucrânia. O ex-deputado disse que deixou de apoiar o canal no ano passado.