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"Sérios apuros". Trump nega ameaça de morte a congressistas por apelo à desobediência militar
Donald Trump escreveu na sua rede social que os congressistas que desafiaram num vídeo os militares a desobedecer a ordens "ilegais" da Administração incorreram em "comportamento sedicioso, punível com morte!"
Perante o clamor dos democratas, que afirmaram que o presidente tinha apelado, quinta-feira, ao castigo com a pena de morte, a Casa Branca negou que Trump queira que os membros do Congresso sejam executados.
E, esta sexta-feira, aos microfones radio da Fox News, o presidente norte-americano esclareceu que "não está a ameaçar de morte" os congressistas.
"Não estou a ameaça-los, mas penso que estão em sérios apuros. Diria que estão em sérios apuros. Não os estou a ameaçar de morte, mas acho que estão em sérios apuros", explicou.
O vídeo de 90 segundos, que circula nas redes sociais desde terça-feira, apresenta seis congressistas democratas, que já serviram nas Forças Armadas ou em funções de informação, os senadores Elissa Slotkin e Mark Kelly, e os deputados Maggie Goodlander, Chris Deluzio, Chrissy Houlahan e Jason Crow.
Dirigem-se diretamente aos militares que, afirmam, estão a ser instrumentalizados pela Administração Trump para executar ordens "ilegais". Desafiam-nos a que não as cumpram.
"Tal como nós, vocês juraram proteger e defender esta Constituição", referem no vídeo. "E agora, as ameaças à nossa Constituição não vêm apenas do estrangeiro, mas de dentro do nosso próprio país".
"As nossas leis são claras: podem recusar-se a cumprir ordens ilegais, devem recusar-se a cumprir ordens ilegais. Ninguém é obrigado a cumprir ordens que violem a lei ou a nossa Constituição", acrescentam.
"Prendam-nos???"
A reação de Trump não deixou margens para dúvidas, considerando-os "traidores da nossa pátria" e defendendo que sejam presentes em tribunal.
"Isto chama-se COMPORTAMENTO SEDICIOSO NO MAIS ALTO NÍVEL. Cada um destes traidores da nossa pátria deve ser PRESO E LEVADO A JULGAMENTO". escreveu quinta-feira o presidente norte-americano numa publicação na sua rede Truth Social.
Noutra publicação, considerou,"isto é realmente mau e perigoso para o nosso país. As suas palavras não podem ser toleradas. COMPORTAMENTO SEDICIOSO DE TRAIDORES!!! PRENDAM-NOS??? Presidente DJT."
A indignação presidencial mereceu uma terceira publicação. "COMPORTAMENTO SEDICIOSO, punível com a MORTE!", escreveu.
Donald Trump republicou ainda uma declaração a dizer "ENFORQUEM-NOS, GEORGE WASHINGTON FA-LO-IA!!"
Em resposta, os democratas cerraram fileiras na denúncia destas declarações.
Contra-ataque democrata
Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, publicou a sua opinião no X. "Sejamos claros: o presidente dos Estados Unidos está a incitar à execução de autoridades eleitas", escreveu.
E acrescentou: "Isto é uma AMEAÇA direta. Todos os senadores, todos os representantes, todos os americanos – independentemente do partido - devem condenar isto imediatamente e sem reservas".
Apelo igual feito pelo líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, pela líder da minoria democrata na Câmara, Katherine Clark, e pelo presidente do caucus democrata, Pete Aguilar, numa declaração conjunta.
"A violência política não tem lugar na América", escreveram.
"Os deputados Jason Crow, Chris DeLuzio, Maggie Goodlander e Chrissy Houlahan, e os senadores Mark Kelly e Elissa Slotkin, serviram o nosso país com enorme patriotismo e distinção. Condenamos veementemente as repugnantes e perigosas ameaças de morte de Donald Trump contra os membros do Congresso e apelamos aos republicanos da Câmara para que façam o mesmo com a mesma veemência", acrescentaram. Os líderes democratas afirmaram ainda ter contactado o sargento de armas da Câmara e a polícia do Capitólio dos Estados Unidos "para garantir a segurança destes membros e das suas famílias".
Os congressistas que apareceram no vídeo também divulgaram um comunicado.
"Somos veteranos e profissionais de segurança nacional que amamos este país e juramos proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos", afirmaram. "Este juramento dura toda a vida e pretendemos cumpri-lo. Nenhuma ameaça, intimidação ou incitamento à violência nos dissuadirá desta obrigação sagrada".
"O mais revelador é que o presidente considera punível com a morte o facto de reiterarmos a lei", prosseguiram.
"Os nossos militares devem saber que os apoiamos enquanto cumprem o seu juramento à Constituição e a sua obrigação de seguir apenas ordens legais. Não é apenas a coisa certa a fazer, mas também o nosso dever", defenderam.
E acrescentaram, "todos os americanos devem unir-se e condenar os apelos do presidente ao assassinato e à violência política. Este é um momento que exige clareza moral".
"Ordens legais"
Mike Johnson, presidente republicano da Câmara dos Representantes, defendeu por seu lado a alegação de Trump, de que os democratas tinham cometido "sedição".
Johnson descreveu o vídeo como "extremamente inapropriado" e acrescentou que "é muito perigoso ter membros importantes do Congresso a ordenar às tropas que desobedeçam às ordens. Penso que isto não tem precedentes na história americana".
Johnson terá ainda dito ao Independent que, pelo que leu das publicações de Trump, o presidente estava a "definir o crime de sedição".
"Mas, obviamente, os advogados precisam de analisar a linguagem e determinar tudo isto. O que estou a dizer e direi, inequivocamente, é que, foi extremamente inapropriado que os chamados líderes do Congresso incentivassem os jovens soldados a desobedecer às ordens", acrescentou Johnson.
Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, foi questionada quinta-feira se o presidente "queria executar membros do Congresso". "Não", respondeu sucintamente.
"Vamos deixar claro a que é que o presidente está a responder", acrescentou Leavitt. "Temos membros do Congresso dos EUA que conspiraram para orquestrar uma mensagem em vídeo para os membros das Forças Armadas dos EUA, para os militares no ativo, incentivando-os a desobedecer às ordens legais do presidente".
"A integridade das nossas Forças Armadas reside na cadeia de comando, e se essa cadeia de comando for quebrada, isso pode levar a mortes, pode levar ao caos, e é isso que estes membros do Congresso... estão essencialmente a encorajar", explicou.
Investigação
Na rádio da Fox News, Trump negou ainda esta sexta-feira que estivesse a apelar à execução dos congressistas, ressalvando que, "antigamente", este comportamento dos legisladores teria sido passível de pena de morte. Mas, reconheceu, "hoje é um mundo diferente".
"É um mundo mais manso e ameno. Mas devo dizer o seguinte: acho que o que fizeram foi realmente muito mau."
"Se analisar a sedição, se analisar este tipo de coisas... é uma forma muito grave de traição. É uma coisa terrível de se dizer, devo dizer", referiu o presidente, para depois acrescentar que pensou de início que se tratava de uma piada.
"Ouvi e pensei que fosse alguma coisa cómica", admitiu.
O presidente pensa que, tanto o Pentágono como o Departamento de Justiça, estarão a investigar o vídeo. "Não sei ao certo, mas acho que os militares estão a investigar", disse Trump.
E, esta sexta-feira, aos microfones radio da Fox News, o presidente norte-americano esclareceu que "não está a ameaçar de morte" os congressistas.
"Não estou a ameaça-los, mas penso que estão em sérios apuros. Diria que estão em sérios apuros. Não os estou a ameaçar de morte, mas acho que estão em sérios apuros", explicou.
O vídeo de 90 segundos, que circula nas redes sociais desde terça-feira, apresenta seis congressistas democratas, que já serviram nas Forças Armadas ou em funções de informação, os senadores Elissa Slotkin e Mark Kelly, e os deputados Maggie Goodlander, Chris Deluzio, Chrissy Houlahan e Jason Crow.
Dirigem-se diretamente aos militares que, afirmam, estão a ser instrumentalizados pela Administração Trump para executar ordens "ilegais". Desafiam-nos a que não as cumpram.
"Tal como nós, vocês juraram proteger e defender esta Constituição", referem no vídeo. "E agora, as ameaças à nossa Constituição não vêm apenas do estrangeiro, mas de dentro do nosso próprio país".
"As nossas leis são claras: podem recusar-se a cumprir ordens ilegais, devem recusar-se a cumprir ordens ilegais. Ninguém é obrigado a cumprir ordens que violem a lei ou a nossa Constituição", acrescentam.
"Prendam-nos???"
A reação de Trump não deixou margens para dúvidas, considerando-os "traidores da nossa pátria" e defendendo que sejam presentes em tribunal.
"Isto chama-se COMPORTAMENTO SEDICIOSO NO MAIS ALTO NÍVEL. Cada um destes traidores da nossa pátria deve ser PRESO E LEVADO A JULGAMENTO". escreveu quinta-feira o presidente norte-americano numa publicação na sua rede Truth Social.
Noutra publicação, considerou,"isto é realmente mau e perigoso para o nosso país. As suas palavras não podem ser toleradas. COMPORTAMENTO SEDICIOSO DE TRAIDORES!!! PRENDAM-NOS??? Presidente DJT."
A indignação presidencial mereceu uma terceira publicação. "COMPORTAMENTO SEDICIOSO, punível com a MORTE!", escreveu.
Donald Trump republicou ainda uma declaração a dizer "ENFORQUEM-NOS, GEORGE WASHINGTON FA-LO-IA!!"
Em resposta, os democratas cerraram fileiras na denúncia destas declarações.
Contra-ataque democrata
Chuck Schumer, líder da minoria democrata no Senado, publicou a sua opinião no X. "Sejamos claros: o presidente dos Estados Unidos está a incitar à execução de autoridades eleitas", escreveu.
E acrescentou: "Isto é uma AMEAÇA direta. Todos os senadores, todos os representantes, todos os americanos – independentemente do partido - devem condenar isto imediatamente e sem reservas".
Apelo igual feito pelo líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, pela líder da minoria democrata na Câmara, Katherine Clark, e pelo presidente do caucus democrata, Pete Aguilar, numa declaração conjunta.
"A violência política não tem lugar na América", escreveram.
"Os deputados Jason Crow, Chris DeLuzio, Maggie Goodlander e Chrissy Houlahan, e os senadores Mark Kelly e Elissa Slotkin, serviram o nosso país com enorme patriotismo e distinção. Condenamos veementemente as repugnantes e perigosas ameaças de morte de Donald Trump contra os membros do Congresso e apelamos aos republicanos da Câmara para que façam o mesmo com a mesma veemência", acrescentaram. Os líderes democratas afirmaram ainda ter contactado o sargento de armas da Câmara e a polícia do Capitólio dos Estados Unidos "para garantir a segurança destes membros e das suas famílias".
"Donald Trump deve apagar imediatamente estas publicações descontroladas nas redes sociais e retratar-se da sua retórica violenta antes que alguém seja morto", acrescentaram no comunicado.
Os congressistas que apareceram no vídeo também divulgaram um comunicado.
"Somos veteranos e profissionais de segurança nacional que amamos este país e juramos proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos", afirmaram. "Este juramento dura toda a vida e pretendemos cumpri-lo. Nenhuma ameaça, intimidação ou incitamento à violência nos dissuadirá desta obrigação sagrada".
"O mais revelador é que o presidente considera punível com a morte o facto de reiterarmos a lei", prosseguiram.
"Os nossos militares devem saber que os apoiamos enquanto cumprem o seu juramento à Constituição e a sua obrigação de seguir apenas ordens legais. Não é apenas a coisa certa a fazer, mas também o nosso dever", defenderam.
E acrescentaram, "todos os americanos devem unir-se e condenar os apelos do presidente ao assassinato e à violência política. Este é um momento que exige clareza moral".
"Ordens legais"
Mike Johnson, presidente republicano da Câmara dos Representantes, defendeu por seu lado a alegação de Trump, de que os democratas tinham cometido "sedição".
Johnson descreveu o vídeo como "extremamente inapropriado" e acrescentou que "é muito perigoso ter membros importantes do Congresso a ordenar às tropas que desobedeçam às ordens. Penso que isto não tem precedentes na história americana".
Johnson terá ainda dito ao Independent que, pelo que leu das publicações de Trump, o presidente estava a "definir o crime de sedição".
"Mas, obviamente, os advogados precisam de analisar a linguagem e determinar tudo isto. O que estou a dizer e direi, inequivocamente, é que, foi extremamente inapropriado que os chamados líderes do Congresso incentivassem os jovens soldados a desobedecer às ordens", acrescentou Johnson.
Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca, foi questionada quinta-feira se o presidente "queria executar membros do Congresso". "Não", respondeu sucintamente.
"Vamos deixar claro a que é que o presidente está a responder", acrescentou Leavitt. "Temos membros do Congresso dos EUA que conspiraram para orquestrar uma mensagem em vídeo para os membros das Forças Armadas dos EUA, para os militares no ativo, incentivando-os a desobedecer às ordens legais do presidente".
"A integridade das nossas Forças Armadas reside na cadeia de comando, e se essa cadeia de comando for quebrada, isso pode levar a mortes, pode levar ao caos, e é isso que estes membros do Congresso... estão essencialmente a encorajar", explicou.
Investigação
Na rádio da Fox News, Trump negou ainda esta sexta-feira que estivesse a apelar à execução dos congressistas, ressalvando que, "antigamente", este comportamento dos legisladores teria sido passível de pena de morte. Mas, reconheceu, "hoje é um mundo diferente".
"É um mundo mais manso e ameno. Mas devo dizer o seguinte: acho que o que fizeram foi realmente muito mau."
"Se analisar a sedição, se analisar este tipo de coisas... é uma forma muito grave de traição. É uma coisa terrível de se dizer, devo dizer", referiu o presidente, para depois acrescentar que pensou de início que se tratava de uma piada.
"Ouvi e pensei que fosse alguma coisa cómica", admitiu.
O presidente pensa que, tanto o Pentágono como o Departamento de Justiça, estarão a investigar o vídeo. "Não sei ao certo, mas acho que os militares estão a investigar", disse Trump.