Sérvia extraditou Ratko Mladic

O Tribunal de Belgrado recusou o pedido de recurso interposto pelo advogado de Ratko Mladic, que procurava de impedir a extradição do antigo chefe militar dos sérvios na Bósnia. O ex-general já está a caminho de Haia, onde será julgado por crimes contra a humanidade e violações do direitos humanos pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPIJ).

RTP /
O supremo tribunal de Belgrado rejeitou o pedido de recurso de Mladic Srdjan Suki, EPA

“Ao entregar Mladic a Haia, a Sérvia está a cumprir as suas obrigações morais e internacionais”, justificou a ministra sérvia da Justiça, em Belgrado, esta tarde, aos jornalistas.

O antigo general foi transportado num avião da República da Sérvia, que descolou de Belgrado às 17h40 locais (menos uma hora em Lisboa) e aterrou em Roterdão, na Holanda. Foi depois levado de helicóptero para a instalação penitenciária do TPIJ, em Haia, onde aterrou às 21h locais (menos uma hora em Lisboa).

Esta manhã, os juízes do Supremo Tribunal rejeitaram o pedido de recurso do ex-comandante militar contra a sua transferência para Haia, alegando que Mladic, de 69 anos e dois ataques de coração, não estava física e mentalmente capaz de enfrentar julgamento no Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia.

Mladic é acusado de genocídio, pelos crimes que as tropas sérvias cometeram sob o seu comando durante a guerra na Bósnia entre 1992 e 1995. A morte de oito mil homens e rapazes muçulmanos em Srebrenica é considerado o pior massacre de civis na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

Visita à sepultura da filha
Esta manhã, Mladic foi levado ao cemitério onde está sepultada a sua filha que em 1994, com 23 anos, se suicidou. Na campa, onde esteve poucos minutos, deixou uma vela e um ramo de flores brancas com uma rosa vermelha no meio, escreve a Reuters.

O antigo general pediu por diversas vezes para visitar a sepultura da filha, uma vez que durante os 16 anos em que esteve fugido à justiça sérvia não quis arriscar ser reconhecido. O procurador para os crimes de guerra contou que a campa era vigiada permanentemente, incluindo com câmaras. “Ele não podia mesmo aparecer aqui”, disse Vladimir Vukcevic e durante essa altura nunca visitou a sepultura da filha.

Os meios de comunicação referiram que Ana, estudante de medicina, entrou em depressão por causa das ações do pai durante a guerra. O caso não foi alvo de investigação oficial, nem foi revelado qualquer carta da jovem mulher. Na altura, Mladic dizia que fora morta pelos seus inimigos de guerra, uma vez que a arma fora encontrada na mão esquerda enquanto Ana era destra.
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