Sete mortos e mais de 40 feridos em novo atentado no coração de Londres

por Carlos Santos Neves - RTP
A polícia britânica abateu três homens armados na última noite em Londres Peter Nicholls - Reuters

Menos de duas semanas depois do atentado suicida na Arena de Manchester, o Reino Unido volta a ser alvo do terrorismo. Ataques perpetrados na noite de sábado na London Bridge e em Borough Market causaram sete mortos e 48 feridos. A polícia abateu três homens armados.

A noite de terror na capital britânica começou com a notícia de peões atropelados por uma carrinha branca na Ponte de Londres. Inicialmente a polícia manteve-se contida na libertação de informações, referindo-se apenas a um “incidente grave”.

Depois de a violência ter alastrado a Borough Market, com civis esfaqueados, as autoridades acabariam por admitir tratar-se de um ato terrorista.Aos ataques da London Bridge e de Borough Market somou-se a notícia de um esfaqueamento em Vauxhall, mas a polícia afastou qualquer ligação entre este último incidente e o atentado.


Morreram sete pessoas, um balanço atualizado já esta manhã pela polícia. Quarenta e oito pessoas foram transportadas para cinco unidades hospitalares de Londres, 21 estão em estado grave.

O atentado, que ao amanhecer de domingo ainda não tinha sido reivindicado, teve início alguns minutos após a final da Liga dos Campeões, num local onde os bares estavam preenchidos por adeptos de futebol que assistiam à final de Cardiff.

A polícia foi chamada pelas 22h08 locais a responder ao atropelamento na Ponte de Londres. O veículo usado neste ataque dirigiu-se em seguida ao bairro de Borough Market. Os ocupantes saíram da carrinha e apunhalaram várias pessoas, entre as quais um agente da polícia de trânsito, que ficou gravemente ferido no rosto e numa perna.

A polícia, lê-se num comunicado das autoridades, “reagiu rapidamente, enfrentando corajosamente três indivíduos que foram abatidos em Borough Market”. Em escassos oito minutos após o primeiro telefonema para as forças de segurança.

“Os suspeitos transportavam o que parecia ser coletes explosivos, que se revelaram falsos”, acrescentou a polícia londrina.
“Por Alá”

Foram encerradas estações de metro e bloqueados acessos aos locais dos ataques, onde permanece um apertado dispositivo de segurança.



Um homem que testemunhou os acontecimentos da última noite, identificado como Alessandro, contou à BBC ter visto “uma carrinha avançar em ziguezague, tentado atropelar o máximo de pessoas. As pessoas tentavam escapar ao avanço do veículo”.

“Eles esfaqueavam toda a gente gritando isto é por Alá”, relatou uma outra testemunha ouvida pela France Presse.
Campanha suspensa
O mayor de Londres, chamado para uma reunião, este domingo, do gabinete de crise do Governo de Theresa May, vincava durante a madrugada não haver “qualquer justificação para tais atos bárbaros”.

O Partido Conservador, força política da primeira-ministra, foi o primeiro a decidir suspender a campanha para as eleições legislativas de 8 de junho. Uma posição que será reavaliada ao longo do dia. O Partido Trabalhista, principal força da oposição, e o Partido Nacional Escocês fizeram, pouco depois, o mesmo.

Em sentido oposto, a liderança do nacionalista Ukip descartou interromper a campanha.

Por sua vez, o líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn, manifestou solidariedade para com “as vítimas e as suas famílias”.

Este é o terceiro atentado a atingir a Grã-Bretanha em menos de três meses. A 22 de março, um homem identificado como Khalid Masood, britânico convertido ao Islão, abalroou com um carro a multidão sobre a Ponte de Westminster, matando quatro pessoas. Apunhalou mortalmente um polícia antes de ser abatido.



A 22 de maio, 22 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas em Manchester, quando Salman Abedi, jovem britânico de ascendência líbia, detonou a carga explosiva que transportava à saída de um espetáculo de Ariana Grande. A cantora, que tem previsto para este domingo um espetáculo solidário na mesma cidade, já reagiu ao ataque da última noite, dizendo “rezar por Londres”.

O Presidente dos Estados Unidos disponibilizou “total apoio” às autoridades britânicas. Donald Trump condenou o “brutal atentado terrorista” em Londres durante uma conversa ao telefone com Theresa May.

Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, declarou que o país está “ao lado do Reino Unido”. Uma reação análoga à da chanceler alemã, Angela Merkel.

O Conselho Muçulmano Britânico manifestou-se "horrorizado e furioso" com os ataques de sábado à noite.
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