"Severo castigo". China lança exercícios militares em torno de Taiwan para avisar "forças separatistas"

Taipé já reagiu às manobras, considerando-as inaceitáveis e alertando que os voos internacionais e as rotas marítimas em torno da ilha podem sofrer perturbações.

Joana Raposo Santos - RTP /
Guarda Costeira de Taiwan via Reuters

A China disse ter levado a cabo, esta segunda-feira, exercícios militares com munições reais em torno de Taiwan como aviso às "forças separatistas" e à "interferência externa". As manobras militares de Pequim incluíram ataques contra alvos terrestres e marítimos, operações antissubmarinos e exercícios para garantir a "superioridade aérea regional".

"As forças externas que tentam usar Taiwan para conter a China e que procuram armar Taiwan estão apenas a encorajar a arrogância dos defensores da independência e a levar o Estreito de Taiwan a uma situação perigosa de guerra iminente", afirmou, em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China."Qualquer manobra maliciosa destinada a impedir a reunificação da China está condenada ao fracasso", acrescentou.

Lin Jian vincou que a realização dos exercícios militares constitui "um severo castigo" contra as "forças separatistas" de Taiwan que "procuram a secessão através da força".

"O treino centrou-se na deteção e neutralização de alvos em águas e espaço aéreo, ataques simulados contra alvos terrestres e fogo real contra alvos marítimos", referiu por sua vez o Comando do Teatro Oriental de Operações do Exército de Libertação Popular, adiantando que foram utilizados caças, bombardeiros e veículos aéreos não tripulados, em coordenação com artilharia de longo alcance.


Crédito: Comando do Teatro Oriental de Operações do Exército de Libertação Popular via Reuters

Com o nome de código "Missão Justiça 2025", os exercícios estão a decorrer dias depois de os Estados Unidos terem anunciado a venda de um dos seus maiores pacotes de armas a Taiwan, no valor de 11 mil milhões de dólares (9,3 mil milhões de euros).

A medida foi fortemente criticada por Pequim, que em retaliação lançou sanções a empresas norte-americanas do setor da defesa.Voos e rotas marítimas comerciais podem ser afetados
O ministro da Defesa de Taiwan já reagiu às manobras de Pequim, dizendo que "o comportamento da China escala as tensões regionais e não é aceitável".

O responsável adiantou ainda que, desde as 15h00 locais (7h00 em Lisboa), foram detetadas 89 aeronaves militares e drones chineses, com 67 a entrarem na "área de resposta" de Taiwan. Foram ainda detetados 14 navios militares chineses.

"As áreas usadas para os exercícios da China também abrangem rotas aéreas internacionais, o que poderá afetar os voos que descolam e aterram em torno de Taiwan", alertou, acrescentando que também "navios comerciais transitam pelas zonas de exercício". O ministro da Defesa disse ainda ter autorizado as tropas da linha da frente a responder às ameaças chinesas.

Taiwan é governada autonomamente desde 1949, sob a bandeira da República da China, e possui Forças Armadas e um sistema político, económico e social distinto do da República Popular da China, destacando-se como uma das democracias mais avançadas da Ásia.

No entanto, Pequim sempre considerou Taiwan uma "parte inalienável" do seu território e tem intensificado, nos últimos anos, a campanha de pressão para alcançar a "reunificação nacional", um objetivo central da estratégia de longo prazo do presidente chinês, Xi Jinping, de alcançar o "rejuvenescimento" da nação chinesa.

c/ agências
PUB