Sucessor de Haniyeh. Quem é Yahya Sinwar, o novo líder político do Hamas?
O Hamas nomeou esta terça-feira Yahya Sinwar como novo líder político do movimento em Gaza. O homem de 61 anos, que era já chefe do Hamas em Gaza, vai assim suceder a Ismail Haniyeh, assassinado em Teerão na semana passada. Sinwar terá sido o arquiteto do ataque de 7 de outubro contra Israel e tem estado escondido em território palestiniano, desafiando as tentativas de Telavive de o matar.
Sinwar, que passou 23 anos da sua vida em prisões israelitas, é o líder mais poderoso do Hamas ainda vivo após o assassinato de Haniyeh. Foi libertado em 2011, juntamente com um milhar de prisioneiros libertados por Israel em troca do soldado Gilad Shalit, mantido refém pelo Hamas durante cinco anos.
Incluído na lista americana de "terroristas internacionais", foi alvo de numerosas tentativas de assassínio. A notícia da sua nomeação foi recebida com foguetes vindos de Gaza.
Nascido num campo de refugiados na cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, Sinwar tinha já sido eleito líder do Hamas em Gaza em 2017. Anteriormente foi chefe do serviço de segurança Al-Majd, que rastreou, matou e puniu palestinianos acusados de colaborar com os serviços secretos de Israel.
O Exército e as autoridades israelitas acusam Sinwar de ser um dos cérebros do ataque do Hamas a 7 de outubro em Israel, acontecimento que o tornou um dos homens mais procurados pelo Estado judaico.
"A estratégia era dele, foi ele que montou a operação", provavelmente durante um ano ou dois, disse à AFP Leïla Seurat, investigadora do Centro Árabe de Investigação e Estudos Políticos. "Impôs o seu ritmo para alterar o equilíbrio de forças no terreno e apanhou toda a gente de surpresa", acrescentou.
Politicamente, Sinwar defende uma liderança palestiniana unida para todos os territórios ocupados: Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Nomeação envia "mensagem forte"
A nomeação chega depois de o antecessor, Ismail Haniyeh, ter sido assassinado quando se encontrava no Irão. As suspeitas recaem sobre Israel, que não reivindicou a responsabilidade, mas que afirmou ter matado outros líderes de topo do Hamas, incluindo o seu vice, Saleh al-Arouri (morto em Beirute) e o comandante militar Mohammed Deif.Um responsável do Hamas já referiu que a designação de Sinwar como líder político envia uma "mensagem forte" a Israel, dez meses após o início do atual conflito.
Esta escolha "é uma mensagem forte dirigida ao ocupante [Israel] e mostra que o Hamas prossegue no seu caminho da resistência", declarou o responsável, sob anonimato.
Em quase dez meses, os ataques do Exército israelita contra Gaza já provocaram cerca de 40 mil mortos e mais de 90 mil feridos, de acordo com o Ministério da Saúde do enclave.
A Agência de Proteção Civil de Gaza indicou na segunda-feira ter recebido os corpos de 80 palestinianos não identificados que Israel tinha enterrado numa vala comum.
c/ agências