Surto por chinkungunya. Vírus transmitido por mosquitos já infetou 240 mil pessoas e matou 90 em 2025

Desde o início de 2025, registaram-se cerca de 240 mil infeções pelo vírus chikungunya e 90 mortes em 16 países, de acordo com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças. Neste momento, a China é um dos países que mais sofre com o chinkungunya. Debate-se com um surto do qual mais de sete mil casos foram reportados no último mês e estão concentrados na cidade industrial de Foshan.

Carla Quirino - RTP /
Aedes albopictus fêmea Centro de Controlo e Prevenção de Doenças do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos da América

O nome chikungunya deriva de uma palavra na língua Kimakonde, falada na Tanzânia e em Moçambique, que significa “contorcer-se” – descrevendo a postura contorcida de pessoas infetadas com dor articular severa.

Foi precisamente na República Unida da Tanzânia, em 1952, que o vírus Chikungunya (CHIKV) foi identificado pela primeira vez, alastrando posteriormente para outros países de África e Ásia.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o CHIKV está agora identificado em 110 países da Ásia, África, Europa e Américas.
A doença é transmitida por mosquitos fêmeas infetados, mais comumente Aedes aegypti e Aedes albopictus, que também podem transmitir os vírus do dengue e Zika.

A infeção pode revelar-se com febre alta frequentemente acompanhada de dor articular intensa. A dor nas articulações é muitas vezes debilitante e geralmente dura alguns dias, mas pode ser prolongada, com duração de semanas a anos. Inchaço das articulações, dor muscular, dor de cabeça, náuseas, fadiga e erupção cutânea também estão na lista de sintomas.

Os recém-nascidos, adultos mais velhos e pacientes com doenças cardíacas ou diabetes fazem parte do grupo com maior risco de desenvolver a doença grave.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças aponta desde o início deste ano um registo de cerca de 240 mil infeções por chikungunya e pelo menos 90 mortes em 16 países.
Eliminar qualquer reservatório de água sob pena de multa
Na China, um surto infectou cerca de sete mil pessoas desde o final de junho, dos quais três mil na última semana, com a maioria dos casos concentrados na cidade de Foshan, na província de Guangdong, a norte de Hong Kong.

É o maior surto de CHIKV no país desde que o vírus foi identificado pela primeira vez em 2008.

As autoridades chinesas afirmaram que um "caso importado desencadeou a transmissão local" em julho, mas não especificaram a origem da infeção.

No domingo, também Hong Kong comunicou o primeiro caso - um rapaz de 12 anos que tinha viajado para Foshan e que mais tarde desenvolveu febre, erupção cutânea e dores nas articulações.

A rápida propagação da doença com as pessoas a encherem os hospitais, e pacientes a serem colocados em áreas de quarentena, obrigou as autoridades chinesas a implementar medidas preventivas rigorosas, como o uso de redes mosquiteiras e pulverização de desinfetante nas ruas com recurso a drones.

As autoridades definiram que a estratégia mais eficaz é eliminar os locais de reprodução dos mosquitos.

Assim, a população foi instada a remover a água estagnada das suas casas, uma vez que esta pode constituir um terreno ideal para a reprodução dos mosquitos. Esta ação abrange qualquer reservatório com água, como vasos de flores, tabuleiros de máquinas de café e garrafas de reserva. Quem não cumprir fica sujeito a uma multa até 1.208 euros.

De acordo com a comunicação social chinesa, em Foshan as autoridades libertaram milhares de peixes que se alimentam de mosquitos em lagos e massas de água para controlar a reprodução dos mosquitos.
Na Europa
Até 30 de julho, a Itália registou duas infeções, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).

Entretanto, a OMS também observou preocupação quanto ao aumento do número de casos importados de chikungunya na Europa. Desde 1 de maio, cerca de 800 casos importados foram reportados na França continental.

No início de 2025, registaram-se grandes surtos nas ilhas do Oceano Índico, incluindo La Reunion, Mayotte e Maurícias, países que têm relações muito estreitas com França.

Em La Reunion, mais de 47.500 casos de chikungunya e 12 mortes associadas foram relatados até maio de 2025, com alta transmissão por toda a ilha, de acordo com a OMS. O ECDC também reporta que, a partir de 18 de julho, havia mais de 54 mil casos em La Reunion.
Brasil com mais casos
De acordo com o ECDC, as Américas apresentam-se como a região que reporta mais casos de chikungunya globalmente.

A partir de meados de julho de 2025, o Brasil registou 185.553 infeções, a Bolívia 4.721, a Argentina 2.836 e Peru 55.

A OMS explica atualmente que existem duas vacinas contra o vírus chikungunya que receberam aprovação dos reguladores ou foram recomendadas para uso em populações em risco em vários países. Porém, o medicamento ainda não está amplamente disponível nem tem uso generalizado.
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