Taiwan acusa China de efetuar exercícios militares em águas territoriais da ilha

Um comandante militar de Taiwan disse que partes das cinco zonas de treino militar atribuídas pelas forças armadas da China para exercícios com munições reais a realizar hoje situam-se em águas territoriais da ilha.

Lusa /
Ann Wang - Reuters

Numa conferência de imprensa, o tenente-general Lien Chih-wei recusou especificar qual seria a resposta de Taipé caso Pequim utilizasse munições reais dentro das águas territoriais de Taiwan, que se estendem por 12 milhas náuticas (22,2 quilómetros) a partir da costa.

De acordo com a agência de notícias nacional taiwanesa CNA, o comandante militar afirmou simplesmente que os militares na linha da frente seguiriam as regras de empenhamento do exército e "responderiam adequadamente".

"As Forças Armadas estabeleceram regras de empenhamento e matrizes de autorização nos níveis estratégico, operacional e tático, delineando medidas de resposta que incluem comunicação, alertas, monitorização e acompanhamento", disse.

Na mesma conferência de imprensa, o porta-voz militar taiwanês, Sun Li-fang, denunciou o plano do Exército de Libertação Popular (ELP, forças armadas chinesas) de realizar exercícios com munições reais nestas áreas como irresponsável e argumentou que tais ações aumentariam ainda mais as tensões na região.

Na segunda-feira, Pequim anunciou a realização, durante dois dias, de exercícios militares de larga escala em torno de Taiwan, com o objetivo declarado de aplicar um "severo castigo" às "forças separatistas" da ilha.

Taiwan, ou oficialmente República da China, é governado autonomamente desde 1949, possui Forças Armadas próprias e um sistema político, económico e social distinto da República Popular da China, destacando-se como uma das democracias mais desenvolvidas da Ásia.

Pequim considera, no entanto, Taiwan uma "parte inalienável" do seu território e tem vindo a intensificar, nos últimos anos, a campanha de pressão sobre a ilha com vista à "reunificação nacional" -- objetivo central do plano de longo prazo do Presidente chinês, Xi Jinping, para alcançar "o rejuvenescimento" da nação chinesa.

Também na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou que Moscovo prestará apoio à China numa eventual escalada no estreito de Taiwan, no âmbito do tratado bilateral entre os dois países.

"A eventualidade de uma escalada no estreito de Taiwan está prevista no nosso tratado com a China. Um dos princípios fundamentais é o apoio mútuo na defesa da unidade nacional e da integridade territorial", afirmou Serguei Lavrov, em entrevista à agência de notícias estatal russa TASS.

As declarações de Lavrov surgiram num contexto de crescente fricção entre China e Japão sobre a questão de Taiwan.

Em novembro, a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmou que um ataque chinês à ilha podia constituir uma "situação de ameaça existencial" para o Japão, admitindo o envolvimento das forças de defesa nipónicas ao lado dos Estados Unidos.

 

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