Taiwan pede medidas em prol da paz após reunião entre Xi e antigo líder taiwanês

por Lusa
Carlos Garcia Rawlins - Reuters

Taipé pediu hoje a Pequim "medidas concretas para manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan", depois de uma reunião entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o antigo líder taiwanês, Ma Ying-jeou, em Pequim.

Durante o encontro, realizado na quarta-feira no final de uma visita de onze dias de Ma ao país asiático, Xi garantiu que "não há forças externas que possam separar Taiwan da China" e que "as diferenças" nos sistemas políticos dos dois "não podem mudar o facto de que ambos os lados são um só país".

"Enquanto não houver separação, enquanto os dois lados reconhecerem que são chineses, os compatriotas de ambos os lados do estreito podem sentar-se juntos, iniciar contactos e ter intercâmbios como membros de uma só família", disse Xi ao receber Ma, líder da ilha entre 2008 e 2016 e responsável pela maior aproximação entre a República Popular da China e Taiwan desde o fim da guerra civil em 1949.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan afirmou ter "tomado nota" do encontro entre Ma e o "líder do Partido Comunista Chinês (PCC), Xi Jinping", ao mesmo tempo que apelou às autoridades de Pequim para que ouçam a "opinião pública dominante" em Taiwan e "respondam positivamente às preocupações da comunidade internacional".

"O que realmente preocupa o povo taiwanês é a contínua escalada de intimidação militar, pressão diplomática e coerção económica da China contra Taiwan nos últimos anos, bem como a sua tentativa de alterar unilateralmente o status quo entre os dois lados do Estreito", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da ilha.

Para Taipé, os dirigentes chineses "não podem esconder a sua ambição de encarnar o `princípio de uma só China`" e "eliminar" a soberania da ilha através do chamado "Consenso de 1992", um conceito segundo o qual ambas as partes supostamente reconheceram a existência de uma só China no mundo, embora cada uma interprete o significado de China de forma diferente.

No final da Segunda Guerra Mundial, o território integrou a República da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek.

Após a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de República da China, em contraposição com a República Popular da China, o regime que passou então a vigorar no continente chinês.

Pequim reivindica a soberania da ilha, que considera uma província sua para cuja "reunificação" não exclui o uso da força.

"Se a China quiser mostrar boa vontade para com Taiwan, deve parar imediatamente todas as ações coercivas contra Taiwan, ouvir a opinião pública dominante de Taiwan e reiniciar o diálogo com o governo democraticamente eleito de Taiwan para resolver as diferenças e os problemas com base na premissa da reciprocidade", sublinhou a diplomacia taiwanesa.

O encontro entre Xi e Ma teve lugar apenas um mês e meio antes da tomada de posse do atual vice-presidente da ilha, William Lai (Lai Ching-te), considerado um independentista por Pequim.

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