Taiwan promete "agir com responsabilidade" perante manobras militares da China
O líder de Taiwan, William Lai Ching-te, assegurou hoje que as Forças Armadas da ilha vão agir "com responsabilidade" face aos exercícios militares lançados pela China, apelando à serenidade da população.
"Agiremos com responsabilidade, sem escalar o conflito nem provocar confrontos", declarou Lai na rede social Facebook.
"Neste momento, a união entre civis e militares e a resistência à desinformação são a força mais poderosa para proteger o nosso lar democrático", acrescentou.
Apelidado de independentista e provocador por Pequim, Lai instou os taiwaneses a apoiarem os "heróis na linha da frente" e a defenderem a soberania e a liberdade da ilha, autogovernada desde 1949 e reclamada pela China como parte do seu território.
O líder destacou ainda que a manutenção da paz no estreito de Taiwan e na região do Indo-Pacífico é uma "aspiração partilhada pela comunidade internacional" e um "compromisso firme de Taiwan como membro responsável da região".
"O Partido Comunista Chinês tem intensificado repetidamente a pressão militar, comportamento que está longe do que se espera de uma grande potência responsável", afirmou.
William Lai garantiu que o Governo e as Forças Armadas de Taiwan estão a acompanhar de perto a evolução da situação e preparados para responder a qualquer eventualidade.
"Frente às intrusões e manipulações cognitivas, o nosso sistema de segurança nacional está coordenado e garante a segurança do país em tempo real", assegurou.
Estas declarações surgem no segundo dia dos exercícios militares chineses `Missão Justiça-2025`, lançados na véspera como forma de "advertência" contra o que Pequim considera serem "interferências externas" na questão de Taiwan.
Durante o primeiro dia das manobras, o Exército de Libertação Popular simulou ataques a alvos marítimos e terrestres, bloqueio de portos e áreas-chave, operações antissubmarinos e exercícios para alcançar a "superioridade aérea regional", envolvendo bombardeiros, caças, contratorpedeiros, fragatas e veículos aéreos não tripulados (`drones`).
Segundo o Ministério da Defesa Nacional (MDN) de Taiwan, entre as 06:00 de segunda-feira (22:00 de domingo, em Lisboa) e as 06:00 de hoje (22:00 de segunda-feira, em Lisboa), foram detetadas 130 aeronaves militares chinesas nas imediações do território -- o segundo maior número diário registado até à data.
O MDN confirmou também que o Exército chinês realizou disparos com munição real, a partir das 09:00 de hoje (01:00, em Lisboa), contra uma área delimitada a norte da ilha, com projéteis lançados por unidades de artilharia de longo alcance da província de Fujian.
O ministro da Defesa, Wellington Koo Li-hsiung, acompanhou os exercícios chineses no Centro Conjunto de Comando de Operações, supervisionando a prontidão das unidades de reconhecimento, defesa aérea e forças associadas.
Wellington Koo acusou ainda Pequim de "ignorar as normas internacionais" e de recorrer à "intimidação militar", considerando as manobras uma ameaça à estabilidade regional e à segurança das rotas comerciais e aéreas.