Telescópio James Webb. NASA revela primeira imagem de galáxias longínquas

Já é conhecida a primeira imagem a cores captada pelo Telescópio Espacial James Webb do que os cientistas consideram ser a visão infravermelha mais profunda e detalhada do Universo alguma vez captada. É possível observar-se a luz de galáxias que eram invisíveis aos anteriores telescópios e que levou muitos milhões de anos-luz para chegar à Terra.

Carla Quirino - RTP /
NASA, ESA, CSA, STScI, Webb ERO Production Team - Reuters

O James Webb é um telescópio espacial com uma missão especial. A NASA revelou a primeira imagem colorida de galáxias, até então invisíveis às lentes terrestres, que se terão formado logo após o Big Bang, há pelo menos de 13,5 mil milhões de anos.

O mais poderoso telescópio espacial foi desenvolvido pela NASA, pela Agência Espacial Europeia e pela Agência Espacial Canadiana. Visa ser um observatório espacial para captar a radiação infravermelha e está no espaço há seis meses.
Para além de tirar fotografias das primeiras estrelas a brilhar no Universo mais profundo, o James Webb tem a finalidade de sondar planetas distantes para ver se podem ser habitáveis.

Quando chega às lentes do James Webb, a luz das primeiras estrelas formadas após o Big Bang já viajou mil milhões de anos. Por isso, as imagens que o telescópio agora capta reportam ao passado.

Na imagem analisada e agora dada a conhecer vê-se "um aglomerado de galáxias na constelação de Volans no Hemisfério Sul, conhecido pelo nome SMACS 0723".


NASA


De acordo com os cientistas, este "aglomerado em si não está tão longe – apenas a cerca de 4,6 mil milhões de anos-luz de distância". A grande massa desse aglomerado duplicou e ampliou a luz de objetos que estão muito, muito mais distantes.

Com o espelho dourado de 6,5 metros de largura e os instrumentos infravermelhos super-sensíveis, o James Webb conseguiu detetar a imagem de galáxias que terão existido há 600 milhões de anos.

Embora a imagem descreva uma forma distorcida representada pelos arcos vermelhos, os cientistas afirmam que, pela qualidade dos dados produzidos, o super-telescópio está a detetar o espaço que fica para lá do último objeto visível da imagem.  "Estamos a ir quase ao início de tudo"
Essa possibilidade remete para que este seja o campo de visão cósmico mais profundo obtido até hoje.
"A luz viaja a cerca de 300 mil quilómetros por segundo. E essa luz que se vê numa dessas pequenas manchas está a viajar há mais de 13 mil milhões de anos", sublinhou o administrador da NASA, Bill Nelson.

É "a imagem infravermelha mais profunda e clara já captada do Universo até agora", observa a agência espacial norte americana.

E acrescenta: "Esta é apenas a primeira imagem. Mais informação com cerca de 13,5 mil milhões de anos está a chegar. E como sabemos que o Universo tem 13,8 mil milhões de anos, estamos a ir quase ao início de tudo".

A número dois do projeto James Webb, Amber Straughn, realçou, em entrevista à BBC, que "os dados são incríveis em si mesmos assim como imagens. Mas a interpretação cientifica detalhada que seremos capazes de fazer com a informação é o que me deixa mais animada".

O estudo de planetas fora do Sistema Solar é um dos objetivos do telescópio e por isso o Webb já analisou a atmosfera de WASP-96 b, um planeta gigante localizado a mais de mil anos-luz da Terra.

Esta investigação dará pistas sobre a química a atmosfera de WASP-96 b, que orbita muito perto da sua estrela-mãe.

Os cientistas têm a expectativa de que um dia o James Webb possa encontrar um planeta que tenha gases atmosféricos semelhantes aos que envolvem a Terra, indicadores de presença biológica.

O presidente norte-americano, Joe Biden, assistiu à apresentação da primeira imagem revelada pela NASA

"Estas imagens vão lembrar ao mundo que os Estados Unidos podem fazer grandes coisas e lembrar ao povo americano - especialmente aos nossos filhos - que não há nada além de nossa capacidade", assinalou.


NASA

O James Webb custou dez mil milhões de dolares e será o sucessor do Hubble. Este telescópio precisava de investigar o céu durante semanas para produzir resultados próximos. O James Webb identificou objetos nas profundezas do Universo após, somente, 12,5 horas de observações.
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