Vários deputados indianos protestaram na quinta-feira contra a forma como os migrantes deportados foram tratados pelas autoridades norte-americanas. Segundo testemunhas, os 104 imigrantes ilegais que aterraram na quarta-feira na Índia estiveram algemados durante todo o voo de 40 horas. “Trataram-nos como criminosos”, disse um dos imigrantes. A polémica vem ofuscar a visita do primeiro-ministro indiano aos EUA, na próxima quarta-feira.
Na passada quarta-feira, um avião militar dos Estados Unidos com 104 imigrantes ilegais indianos a bordo aterrou na cidade de Amritsar, no norte da Índia.
Vem-se agora a saber que as autoridades norte-americanas mantiveram estes 104 imigrantes algemados durante todo o voo de 40 horas, incluindo durante as pausas para comer e para ir à casa de banho.
“As nossas mãos foram algemadas e os tornozelos amarrados com correntes antes de entrarmos no avião”, contou à CNN Akashdeep Singh, de 23 anos, que chegou a Punjab na quarta-feira, juntamente com os outros 103 deportados.
“Eles tratavam-nos de forma horrível e sem qualquer consideração”, disse. “A maneira como olhavam para nós, eu nunca me vou esquecer… Fomos à casa de banho com as algemas. Logo antes de aterrarmos, eles removeram as algemas das mulheres. A nós removeram-nos depois de aterrarmos”, acrescentou.
Sukhpal Singh também confirma que permaneceram algemados durante todo o voo, incluindo durante uma paragem para reabastecimento na ilha de Guam, no Pacífico.
“Eles trataram-nos como criminosos”, declarou. “Se tentássemos ficar de pé porque as nossas pernas estavam a inchar devido às algemas, eles gritavam para que nos sentássemos”, descreveu.
O chefe da patrulha de fronteira dos EUA, Michael W. Banks, partilhou um vídeo na rede social X, na quarta-feira, dos deportados indianos a serem colocados dentro de um avião. Nas imagens, é possível ver que os imigrantes levavam algemas nos pulsos e tornozelos.
Anil Trigunayat, um ex-diplomata indiano que serviu nos EUA, disse à Al Jazeera que "a forma como trataram os cidadãos indianos, arrastando-os como criminosos, não tem precedentes”.
“Algemas e coisas desse tipo são essencialmente desumanas. Eles mostraram um lado muito bruto das autoridades americanas”, disse Trigunayat. “Esta é uma linguagem grosseira. E absolutamente injustificada e desnecessária”, acrescentou.
Indignação na Índia
As imagens e os testemunhos geraram uma onda de indignação na Índia. Na quinta-feira, horas após a aterragem do avião que transportava os cidadãos indianos, vários deputados da oposição manifestaram-se no exterior do Parlamento, com alguns a usarem algemas em forma de protesto.
Também em Nova Deli, membros da ala jovem do principal partido de oposição da Índia queimaram uma imagem de Trump em protesto.
Os protestos acontecem dias antes da visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Washington, onde irá estar reunido com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Modi e Trump – a quem o primeiro-ministro indiano apelida de “querido amigo” – falaram ao telefone na semana passada, tendo discutido precisamente o tema da imigração.
Em cooperação com Washington, Nova Deli disse estar pronta para aceitar os cidadãos deportados, desde que uma verificação confirme a ilegalidade da sua permanência nos EUA.
Segundo a Administração Trump, os 104 indianos deportados entraram ilegalmente nos Estados Unidos ao longo dos anos, vindos de diversos Estados da Índia. Segundo o secretário dos Negócios Estrangeiros da Índia, Vikram Misri, as autoridades dos EUA informaram que há 487 cidadãos indianos com ordens de deportação.
Nos últimos 16 anos, mais de 15.000 indianos foram enviados de volta dos EUA, com um número recorde registado durante a última presidência de Trump, de acordo com dados do governo indiano.
Em 2022, a Índia ficou em terceiro lugar, depois do México e El Salvador, entre os países com o maior número de imigrantes sem documentos (725.000) a viver nos EUA.
Vem-se agora a saber que as autoridades norte-americanas mantiveram estes 104 imigrantes algemados durante todo o voo de 40 horas, incluindo durante as pausas para comer e para ir à casa de banho.
“As nossas mãos foram algemadas e os tornozelos amarrados com correntes antes de entrarmos no avião”, contou à CNN Akashdeep Singh, de 23 anos, que chegou a Punjab na quarta-feira, juntamente com os outros 103 deportados.
“Eles tratavam-nos de forma horrível e sem qualquer consideração”, disse. “A maneira como olhavam para nós, eu nunca me vou esquecer… Fomos à casa de banho com as algemas. Logo antes de aterrarmos, eles removeram as algemas das mulheres. A nós removeram-nos depois de aterrarmos”, acrescentou.
Sukhpal Singh também confirma que permaneceram algemados durante todo o voo, incluindo durante uma paragem para reabastecimento na ilha de Guam, no Pacífico.
“Eles trataram-nos como criminosos”, declarou. “Se tentássemos ficar de pé porque as nossas pernas estavam a inchar devido às algemas, eles gritavam para que nos sentássemos”, descreveu.
O chefe da patrulha de fronteira dos EUA, Michael W. Banks, partilhou um vídeo na rede social X, na quarta-feira, dos deportados indianos a serem colocados dentro de um avião. Nas imagens, é possível ver que os imigrantes levavam algemas nos pulsos e tornozelos.
Anil Trigunayat, um ex-diplomata indiano que serviu nos EUA, disse à Al Jazeera que "a forma como trataram os cidadãos indianos, arrastando-os como criminosos, não tem precedentes”.
“Algemas e coisas desse tipo são essencialmente desumanas. Eles mostraram um lado muito bruto das autoridades americanas”, disse Trigunayat. “Esta é uma linguagem grosseira. E absolutamente injustificada e desnecessária”, acrescentou.
Indignação na Índia
As imagens e os testemunhos geraram uma onda de indignação na Índia. Na quinta-feira, horas após a aterragem do avião que transportava os cidadãos indianos, vários deputados da oposição manifestaram-se no exterior do Parlamento, com alguns a usarem algemas em forma de protesto.
Também em Nova Deli, membros da ala jovem do principal partido de oposição da Índia queimaram uma imagem de Trump em protesto.
Os protestos acontecem dias antes da visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Washington, onde irá estar reunido com o presidente norte-americano, Donald Trump.
Modi e Trump – a quem o primeiro-ministro indiano apelida de “querido amigo” – falaram ao telefone na semana passada, tendo discutido precisamente o tema da imigração.
Em cooperação com Washington, Nova Deli disse estar pronta para aceitar os cidadãos deportados, desde que uma verificação confirme a ilegalidade da sua permanência nos EUA.
Segundo a Administração Trump, os 104 indianos deportados entraram ilegalmente nos Estados Unidos ao longo dos anos, vindos de diversos Estados da Índia. Segundo o secretário dos Negócios Estrangeiros da Índia, Vikram Misri, as autoridades dos EUA informaram que há 487 cidadãos indianos com ordens de deportação.
Nos últimos 16 anos, mais de 15.000 indianos foram enviados de volta dos EUA, com um número recorde registado durante a última presidência de Trump, de acordo com dados do governo indiano.
Em 2022, a Índia ficou em terceiro lugar, depois do México e El Salvador, entre os países com o maior número de imigrantes sem documentos (725.000) a viver nos EUA.