Travão a entrevistas para vistos de estudante. América ou a "ilha" de Trump?

Se não dá de uma forma, o atual presidente dos Estados Unidos pretende mostrar que vai resultar seja de que forma for para cumprir aquilo que ele pretende. O caso mais recente está relacionado com a repressão crescente sobre o ensino e a investigação nas universidades norte-americanas.

Cristina Santos - RTP /
Taylor Coester - Reuters

Após a Justiça o ter derrotado, ao considerar ilegal o fim do programa para estudantes estrangeiros em Harvard, Donald Trump procura secar a raiz do que considera um problema.

Para tal, a Administração norte-americana deu ordem às embaixadas dos EUA que suspendam o agendamento de novas entrevistas para conceder vistos de estudante.

De acordo com um memorando enviado pelo secretário de Estado Marco Rubio, a “pausa” está em vigor "até nova ordem". A mensagem, a que vários órgãos de comunicação social tiveram acesso, revela que a Administração Trump vai expandir a verificação do perfil dos candidatos a visa de estudante analisando o que publicam nas redes sociais.O Departamento de Estado prepara-se para "alargar a triagem e verificação obrigatórias nas redes sociais" aplicáveis a todos os pedidos de visto de estudante.

No entanto, não é explicado quais são os critérios desta verificação nem que informações vão ser analisadas.

Este é o caso mais recente da repressão crescente sobre o ensino e a investigação nas universidades norte-americanas

As instituições acusam o Governo de Trump de tentar infringir os direitos de liberdade de expressão. Muitas instituições dependem de estudantes estrangeiros para uma parcela significativa de financiamento, uma vez que estes alunos pagam, normalmente, mensalidades mais elevadas.
Trump acusa algumas universidades dos EUA de serem “esquerdistas”, permitirem o antissemitismo e manterem políticas de admissão discriminatórias.

Questionada sobre a suspensão dos vistos de estudante, a porta-voz do Departamento de Estado afirmou na terça-feira: "Levamos muito a sério o processo de verificação de quem entra no país e continuaremos a fazê-lo". Tammy Bruce fez questão de sublinhar que “temos ferramentas para o fazer”.




A Universidade de Harvard tem sido o foco da ira do presidente Donald Trump. 

Na semana passada, a Casa Branca revogou a permissão de Harvard para matricular estudantes internacionais ou aceitar investigadores estrangeiros. 

No entanto, a medida foi considerada ilegal por um juiz federal.

Antes, Trump congelou centenas de milhões de dólares em financiamento para universidades e tomou medidas para deportar estudantes, revogando milhares de vistos de outras instituições. Muitas dessas ações foram bloqueadas pelos tribunais norte-americanos.

Agora, com a suspensão do agendamento de entrevistas para atribuição de vistos de estudantes, a medida pode representar um golpe devastador para Harvard, por exemplo, onde mais de um quarto dos alunos é estrangeiro.

Os estudantes estrangeiros que querem estudar nos EUA precisam de agendar entrevistas numa embaixada norte-americana, no país de origem, antes de os vistos serem aprovados.
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