Três homens acusados em Londres por ajudarem serviços secretos de Hong Kong

por Lusa

Três indivíduos acusados de ajudar os serviços de informações de Hong Kong e de interferência estrangeira compareceram hoje perante um tribunal britânico em Londres, levando a China a "condenar veementemente" o processo.

Os suspeitos - Chi Leung (Peter) Wai, 38 anos; Matthew Trickett, 37 anos; e Chung Biu Yuen, 63 anos - foram detidos no início de maio e compareceram hoje no Tribunal de Magistrados de Westminster, em Londres.

O governo de Hong Kong confirmou que um dos suspeitos era o diretor do escritório comercial de Hong Kong na capital britânica, mas não foi identificado pelo nome.

Os homens limitaram-se a confirmar a identidade e morada durante a curta audiência, no final da qual o juiz libertou-os sob medidas de coação.

As acusações que lhes são imputadas ao abrigo da Lei de Segurança Nacional do Reino Unido são pouco detalhadas e vêm juntar-se a uma série de casos que alimentam as suspeitas de espionagem chinesa em países europeus.

Os homens são acusados de recolher informações e realizar atividades de vigilância "suscetíveis de ajudar materialmente um serviço de informações estrangeiro nas suas atividades em relação ao Reino Unido" entre 20 de dezembro de 2023 e 02 de maio de 2024.

Foram também acusados de forçar a entrada numa habitação a 01 de maio.

A próxima audiência em tribunal está marcada para 24 de maio.

Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês em Hong Kong "condenou veementemente" o governo britânico por "fabricar acusações, prender arbitrariamente cidadãos chineses e difamar" o governo de Hong Kong.

Pequim acusou o Reino Unido de "interferir nos assuntos de Hong Kong" e ameaçou com "retaliações firmes e fortes" se o país não "corrigisse os seus erros".

Os três homens encontravam-se entre 11 pessoas detidas no início deste mês em Londres e Yorkshire, no norte de Inglaterra, pela unidade antiterrorista da polícia, utilizando disposições de uma nova lei que permite que os suspeitos em casos de segurança nacional e espionagem sejam detidos sem mandado. 

Os outros oito suspeitos foram libertados sem qualquer acusação.

Na semana passada, dois britânicos, incluindo um assessor parlamentar britânico, também foram acusados de espionagem a favor da China, tendo o julgamento sido agendado para o próximo ano, embora não tenha sido feita nenhuma relação entre os dois casos.

Hong Kong tem sido uma fonte específica de tensões entre o Reino Unido e a China devido à sua história única como antiga colónia britânica que foi devolvida ao controlo chinês em 01 de julho de 1997.

Depois de o governo de Hong Kong ter aprovado, em 2020, uma lei de segurança nacional abrangente que restringe os direitos democráticos anteriormente garantidos aos residentes do território, o Reino Unido flexibilizou as regras de imigração para os habitantes de Hong Kong nascidos antes da transferência de controlo.

Cerca de 5,4 milhões de residentes de Hong Kong são agora elegíveis para um visto que lhes permite viver e trabalhar no Reino Unido e tornar-se cidadãos após cinco anos de residência. 

A repressão do movimento pró-democracia levou muitos a procurarem asilo em solo britânico.

Mais de 191.000 pessoas já receberam os vistos e o governo estima que cerca de 322.000 serão concedidos no final.

Em julho de 2023, Londres protestou veementemente contra os mandados de captura e as promessas de recompensa emitidas contra ativistas pró-democracia que tinham fugido de Hong Kong.

 

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