Três mortos em ataques contra candidaturas eleitorais na Nigéria

Um candidato ao Senado, o seu motorista e o condutor de uma carrinha de campanha de outro partido, morreram numa série de ataques em diversas localidades do estado de Enugu, no sudeste da Nigéria.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Cartaz de campanha de Chinwuba Ngwu, candidato do Partido Trabalhista em Enugu, Nigéria Reuters

Os três ataques, ocorridos em simultâneo na quarta-feira à tarde, visaram partidos diferentes e estão a ser atribuídos pela polícia local a dois grupos separatistas do Biafra, banidos pelas autoridades nigerianas.

A campanha eleitoral para as eleições de sábado terminou esta quinta-feira e ficou marcada por ataques crispados entre os três candidatos presidenciais e por violência diversa.
Sucessão de ataques
Em Kano, no norte do país, esta quinta-feira, os apoiantes de um partido da oposição (NNPP) a caminho de um comício foram atacados e feridos por homens armados com catanas, que incendiaram pelo menos dez carros.

Na terça-feira foi uma rádio próxima do principal partido de oposição, o Partido Democrático do Povo, o alvo de um ataque com explosivos, no estado de Rivers, no sul.

O Presidente cessante, Muhammadu Buhari, deixou um apelo aos nigerianos esta quinta-feira. "Devemos fazer tudo para proteger o nosso país, salco, unido e pacífico", afirmou numa publicação na rede Twitter.

Em Enugu, as vítimas viajavam em veículos que foram incendiados com recurso ao lançamento de garrafas cheias de combustível, com rastilhos acesos. A Nigéria vai a eleições no próximo sábado para eleger os próximos Presidente e Parlamento, num clima de conflito armado no nordeste devido a ataques de grupos islamitas, níveis elevados de criminalidade violenta a nível nacional e escassez de moeda, combustível e eletricidade.

Num local, as vítimas mortais foram identificadas como Oybo Chukwo, candidato do Partido Trabalhista ao Senado, e o seu motorista. Sofreram uma emboscada quando regressavam de uma ação de campanha, revelou Chinwuba Ngwu, presidente do Partido Trabalhista do governo local do sul de Enugu.

“É um golpe devastador para nós. Suspeitamos um assassínio político porque ele era favorito para vencer as eleições”, afirmou Ngwu.

A outra vítima mortal conduzia um minibus de campanha do PDP.

Um terceiro ataque semelhante, contra o candidato a Governador de Enugu pelo partido no poder, o Congresso de Todos os Progressivos, APC, foi repelido.

Ahmed Ammani, comissário da polícia de Enugu, apelou em comunicado os cidadãos a “não sucumbir às táticas cobardes dos bandidos, que pretendem semear o medo e perturbar o processo eleitoral”. A Nigéria é o país mais populoso de África, a maior economia do continente e o seu maior produtor de petróleo. Desde 1999 que realiza eleições enquadradas num sistema democrático, marcadas sistematicamente por violência e fraude.

Estas são as eleições mais imprevisíveis na história recente do país.

Três candidatos dos três principais partidos procuram substituir o atual Presidente, Muhammadu Buhari, que cumpriu o máximo de dois mandatos previstos pela Constituição.

Os três ataques deram-se horas depois dos partidos e candidatos presidenciais terem assinado um compromisso em apoio a um processo eleitoral pacífico.

Um porta-voz da Comissão Eleitoral Nacional Independente de Enugu lembrou que a lei eleitoral lhe concede poderes para adiar as eleições e marcar uma nova data num prazo de 14 dias, em caso de morte de um candidato.

Não foi tomada ainda nenhuma decisão.
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