Trump ameaça Brasil com tarifas de 50% e mostra apoio a Bolsonaro

O presidente dos Estados Unidos anunciou esta quarta-feira que pretende impor tarifas adicionais de 50 por cento sobre os produtos brasileiros a partir de 1 de agosto. Numa carta endereçada ao homólogo brasileiro, Donald Trump deixa duras críticas ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.

RTP /
Foto: Kevin Lamarque - Reuters

A missiva enviada a Lula da Silva explica o aumento das tarifas impostas ao Brasil com os "ataques insidiosos" contra as "eleições livres" e a liberdade de expressão, lembrando em concreto o julgamento contra o ex-presidente brasileiro. 

"A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato - inclusive pelos Estados Unidos -, é uma vergonha internacional", considera Donald Trump. 

O presidente norte-americano acrescenta que o julgamento em curso do ex-presidente brasileiro no Supremo Tribunal Federal “não deveria estar a acontecer”.

“Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar imediatamente!", escreveu Trump, na carta endereçada ao Presidente brasileiro, Lula da Silva.

É nesta mesma carta que Trump anuncia que os Estados Unidos vão impor uma tarifa de 50% “sobre qualquer envio de produtos brasileiros para os Estados Unidos” a partir de 1 de agosto. 

“Os produtos que transitarem por outro país para evitar esta sobretaxa estarão sujeitos a tarifas mais elevadas”, ameaçou.

Ao justificar a medida, Trump também afirmou que a relação comercial dos EUA com o Brasil é "injusta". “O nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco”, diz, afirmando que as tarifas de 50% “são muito menos do que seria necessário” para os EUA e o Brasil estarem em pé de igualdade. Trump ameaçou também aumentar as tarifas se Lula da Silva decidir retaliar.

“Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar as suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos”, lê-se na carta.

A tensão entre os Estados Unidos e o Brasil despoletou na segunda-feira na sequência da Cimeira de chefes de Estado e Governo dos BRICS (reunião que foi presidida pelo Brasil) e na qual os membros das economias emergentes criticaram as sanções económicas unilaterais.

Após essa declaração, Trump ameaçou impor uma tarifa aduaneira adicional de 10% aos países que "alinharem" com o bloco e de seguida posicionou-se a favor do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, rival de Lula da Silva nas eleições de 2022.


"Deixem Bolsonaro em paz", disse Trump.

Em resposta, a presidência brasileira frisou que o país não aceita "interferência ou tutela de quem quer que seja", lembrando que “ninguém está acima da lei”.


Já esta quarta-feira, depois de uma nota de apoio da embaixada dos Estados Unidos em Brasília a Bolsonaro, o Ministério brasileiro das Relações Exteriores convocou o diplomata norte-americano no país.

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