Trump quer adiar eleições. Fala em fraude com voto por correio

por RTP
Carlos Barria - Reuters

O Presidente dos EUA pediu hoje o adiamento das eleições no país até que seja possível votar de forma segura. Donald Trump falou ainda numa alegada fraude com o voto por correio, mas não apresentou qualquer prova em relação a essa acusação.

Na rede social Twitter, Donald Trump defendeu que, "com o voto universal a ser feito por correspondência, as eleições de 2020 serão as mais fraudulentas e imprecisas da história".


"Será um grande embaraço para os EUA ", escreveu ainda Trump. "Adiem as eleições até que as pessoas possam votar de forma apropriada e segura", pediu o presidente norte-americano. Trump não tem autoridade para adiar uma eleição. A data das eleições é salvaguardada pela lei federal e exige uma lei do Congresso para que possa ser alterada.

Devido ao contexto atual de pandemia, o voto por correspondência foi a forma mais segura encontrada para os norte-americanos exercerem o direito de voto a 3 de novembro. No entanto, Donald Trump tem-se demonstrado contra este método de votação, alegando que pode conduzir a fraudes e resultados imprecisos, apesar de não existirem provas que apoiem estes argumentos.

O voto por correio já foi utilizado nas eleições primárias e vários estudos indicam que não há evidências de fraude eleitoral, defendendo que praticamente não existem diferenças entre o voto presencial e por correspondência.

Cerca de metade dos Estados norte-americanos permitem que qualquer eleitor registado vote por correio. Apesar disso, o voto presencial ainda será admitido em circunstâncias limitadas.

No início deste mês, seis Estados anunciaram que irão adotar o sistema de voto por correspondência em novembro. Esses Estados enviarão automaticamente os boletins de voto a todos os eleitores registados, que deverão ser devolvidos no dia da eleição.

O pedido de Trump surge numa altura em que grande parte das sondagens não são favoráveis à sua vitória. As mais recentes pesquisas colocam Biden, o rival democrata, na liderança, nomeadamente em Estados que são considerados decisivos nas eleições.

Trump recusa-se a aceitar os resultados das sondagens, considerando-os "falsos", e deixa em cima da mesa a possibilidade de não aceitar a eventual vitória de Biden em novembro. “Não, não vou simplesmente dizer que sim. Não vou dizer que não, e da última vez também não o fiz”, afirmou Trump numa entrevista à Fox News.

Biden, por sua vez, já tinha previsto em abril que Trump iria pedir um adiamento das eleições. “Lembrem-se do que vos vou dizer: penso que [Trump] vai tentar adiar as eleições de uma forma ou de outra, vai tentar encontrar razões para que [a votação] não decorra” na data prevista, lançou, então, Biden.

Poucos dias mais tarde, e interrogado sobre as palavras de Biden, Trump descartou essa possibilidade categoricamente: “Jamais pensei em alterar a data. (…) Por que faria isso?”.
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