O Presidente norte-americano esclareceu no domingo que o atentado na Suécia a que se referiu por engano num comício, durante o fim de semana, foi transmitido pela FoxNews. No entanto, a cadeia televisiva já veio esclarecer que o programa transmitido na sexta-feira à noite era uma entrevista ao realizador Ami Horowitz, que se dedicou à escalada de violência na Suécia no seu último documentário.
Referindo-se ao ataque num mercado de Natal em Berlim, no passado mês de dezembro, que fez 12 mortos e 50 feridos, o Presidente norte-americano falou também de um suposto atentado terrorista, que teria acontecido na sexta-feira à noite, na Suécia.
No Twitter, ontem à noite, Trump esclareceu que as suas afirmações se referiam à história que foi transmitida na FoxNews sobre imigrantes e a Suécia”.
My statement as to what's happening in Sweden was in reference to a story that was broadcast on @FoxNews concerning immigrants & Sweden.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 19 February 2017
Ora, o que a cadeia televisiva transmitiu na sexta-feira à noite no programa “Tucker Carlson Tonight”, foi uma entrevista ao realizador Ami Horowitz, que se tem dedicado a temas como a escalada de violência no país nórdico no seu trabalho como documentarista.
No programa de sexta-feira, Ami Horowitz acusou o Governo sueco de "esconder" os casos de agressões sexuais e vandalismo que envolvem imigrantes e refugiados.
"A Suécia considera-se uma superpotência humanitária, talvez a única superpotência para a qual se podem qualificar. Por isso, querem abrir as suas fronteiras para todos e qualquer um. Desde o início da atual crise de refugiados, houve um incremento de violência com armas e de violações. As estatísticas são claras", referiu o realizador na entrevista à Fox News.
Já em dezembro, numa entrevista à Breitbart News, o realizador traçava uma ligação entre o acolhimento de refugiados e a flexibilidade nas políticas de imigração com a escalada de violência no país e o aumento no número de violações.
A referência a um ataque fantasma por parte do Presidente acontece alguns dias depois de Kellyanne Conway, manager de campanha de Donald Trump e atual conselheira na Casa Branca, ter feito referência a outro atentado terrorista inexistente: um “massacre” que teria tido lugar em Bowling Green, no Kentucky.
No primeiro mês enquanto Presidente dos Estados Unidos, as políticas migratórias têm sido centrais –as que mais polémica causaram - à nova administração Trump. A famosa “muslim ban”, que impedia a entrada de todos os imigrantes vindos de sete países de maioria muçulmana, foi vetada em três ocasiões pela justiça norte-americana, mas Donald Trump já prometeu refazer a proibição.
No Twitter, a Embaixada da Suécia nos Estados Unidos dizia no domingo que não tinha conseguido identificar a que evento o Presidente norte-americano tinha feito referência, tendo pedido mesmo aos responsáveis da Casa Branca um esclarecimento.
Feito o esclarecimento, a Embaixada responde a Donald Trump e dispõe-se a “informar o Governo dos Estados Unidos quanto às políticas de imigração e integração” na Suécia. Apesar dos incidentes nos últimos meses com refugiados e imigrantes. o país nórdico tem uma política de abertura à imigração ímpar na Europa e no mundo. Só no ano passado, o país aceitou 160 mil requerentes de asilo, sendo o país que mais acolhe refugiados tendo em conta o total da população.We look forward to informing the US administration about Swedish immigration and integration policies. https://t.co/x5G3euOWRh
— Embassy of Sweden US (@SwedeninUSA) 19 February 2017