Trump viu “atentado” da Suécia em programa da FoxNews

por Andreia Martins - RTP
O Presidente dos EUA confundiu uma entrevista a um realizador sobre violência com o relato de atentado terrorista na Suécia. Kevin Lamarque - Reuters

O Presidente norte-americano esclareceu no domingo que o atentado na Suécia a que se referiu por engano num comício, durante o fim de semana, foi transmitido pela FoxNews. No entanto, a cadeia televisiva já veio esclarecer que o programa transmitido na sexta-feira à noite era uma entrevista ao realizador Ami Horowitz, que se dedicou à escalada de violência na Suécia no seu último documentário.

“Temos de manter o nosso país a salvo. Vejam o que está a acontecer na Alemanha, vejam o que aconteceu na noite passada, na Suécia”. Foi este alerta de Donald Trump num comício em Melbourne, na Flórida, no último sábado, que originou a confusão.

Referindo-se ao ataque num mercado de Natal em Berlim, no passado mês de dezembro, que fez 12 mortos e 50 feridos, o Presidente norte-americano falou também de um suposto atentado terrorista, que teria acontecido na sexta-feira à noite, na Suécia. 

No Twitter, ontem à noite, Trump esclareceu que as suas afirmações se referiam à história que foi transmitida na FoxNews sobre imigrantes e a Suécia”. 

Ora, o que a cadeia televisiva transmitiu na sexta-feira à noite no programa “Tucker Carlson Tonight”, foi uma entrevista ao realizador Ami Horowitz, que se tem dedicado a temas como a escalada de violência no país nórdico no seu trabalho como documentarista.

No programa de sexta-feira, Ami Horowitz acusou o Governo sueco de "esconder" os casos de agressões sexuais e vandalismo que envolvem imigrantes e refugiados.

"A Suécia considera-se uma superpotência humanitária, talvez a única superpotência para a qual se podem qualificar. Por isso, querem abrir as suas fronteiras para todos e qualquer um. Desde o início da atual crise de refugiados, houve um incremento de violência com armas e de violações. As estatísticas são claras", referiu o realizador na entrevista à Fox News.

Já em dezembro, numa entrevista à Breitbart News, o realizador traçava uma ligação entre o acolhimento de refugiados e a flexibilidade nas políticas de imigração com a escalada de violência no país e o aumento no número de violações.

A referência a um ataque fantasma por parte do Presidente acontece alguns dias depois de Kellyanne Conway, manager de campanha de Donald Trump e atual conselheira na Casa Branca, ter feito referência a outro atentado terrorista inexistente: um “massacre” que teria tido lugar em Bowling Green, no Kentucky.

No primeiro mês enquanto Presidente dos Estados Unidos, as políticas migratórias têm sido centrais –as que mais polémica causaram - à nova administração Trump. A famosa “muslim ban”, que impedia a entrada de todos os imigrantes vindos de sete países de maioria muçulmana, foi vetada em três ocasiões pela justiça norte-americana, mas Donald Trump já prometeu refazer a proibição. 

No Twitter, a Embaixada da Suécia nos Estados Unidos dizia no domingo que não tinha conseguido identificar a que evento o Presidente norte-americano tinha feito referência, tendo pedido mesmo aos responsáveis da Casa Branca um esclarecimento.
Feito o esclarecimento, a Embaixada responde a Donald Trump e dispõe-se a “informar o Governo dos Estados Unidos quanto às políticas de imigração e integração” na Suécia. Apesar dos incidentes nos últimos meses com refugiados e imigrantes. o país nórdico tem uma política de abertura à imigração ímpar na Europa e no mundo. Só no ano passado, o país aceitou 160 mil requerentes de asilo, sendo o país que mais acolhe refugiados tendo em conta o total da população.  
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