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Ucrânia. Russos apressam-se a comprar voos para fora após anúncio de mobilização

por Joana Raposo Santos - RTP
As passagens aéreas desde a Rússia para a Sérvia, Turquia, Geórgia ou Arménia para as próximas semanas já terão esgotado. Carlos Barria - Reuters

Um grande número de russos está a apressar-se a apanhar voos para fora do país, depois o presidente Vladimir Putin ter anunciado uma mobilização parcial de militares reservistas para a guerra na Ucrânia.

Os voos não demoraram a encher e os bilhetes a ficar exponencialmente mais caros assim que o presidente russo avançou com a decisão, na quarta-feira. Muitos terão tido receio de que Putin mandasse fechar as fronteiras ou que decidisse enviar civis de idade mais avançada para a guerra, além dos reservistas.

Os bilhetes para os voos entre Moscovo e Belgrado operados pela Air Serbia, a única transportadora europeia além da Turkish Airlines a manter voos para a Rússia, esgotaram rapidamente.

Já o preço dos voos de Moscovo para Istambul ou para o Dubai aumentou em poucos minutos e chegou a alcançar os 9.200 euros para um voo só de ida em classe económica.

O decreto de Putin estipula que o número de pessoas convocadas para o serviço militar será determinado pelo Ministério da Defesa. O ministro dessa pasta, Sergei Shoigu, avançou entretanto que serão inicialmente mobilizados 300.000 reservistas com experiência relevante em combate.

Este êxodo não é, no entanto, inédito. Os cidadãos russos começaram a sair do país logo em fevereiro, quando Vladimir Putin ordenou que as suas tropas invadissem a Ucrânia.
Russos expulsos da fronteira
Durante o discurso de quarta-feira à nação, no qual anunciou a mobilização parcial dos reservistas, o presidente lançou também uma ameaça nuclear aos inimigos da Rússia no Ocidente.

Rapidamente se espalharam pelas redes sociais relatos de pânico, com grupos antiguerra a avançarem com conselhos sobre como evitar a mobilização e deixar o país, apesar de os bilhetes de avião terem já atingido preços elevados devido à alta procura.

Algumas publicações alertavam que cidadãos russos estavam a ser expulsos da fronteira terrestre da Rússia com a Geórgia e que o site da empresa ferroviária estatal russa tinha ficado inacessível devido ao elevado número de pessoas que lá tentavam comprar bilhetes.

Segundo ativistas, na quarta-feira mais de 800 russos terão sido detidos em protestos contra a guerra em 37 cidades do país, incluindo Moscovo e São Petersburgo.
Moscovo aconselha cidadãos a não irem para o estrangeiro
As autoridades russas procuraram acalmar o público, assegurando que a convocatória de reservistas apenas afetaria um pequeno número de pessoas que se reunissem determinados critérios.

O chefe do comité de defesa da Duma, Andrei Kartapolov, garantiu por sua vez que não haverá restrições adicionais aos reservistas que deixem a Rússia com base nesta mobilização de soldados pelo presidente. No entanto, o responsável aconselhou os cidadãos que possam ser chamados para a guerra a “não viajarem para resorts na Turquia”.

"Passem as vossas férias nos resorts da Crimeia ou na região de Krasnodar (sul da Rússia)", apelou Kartapolov.

Um grupo antiguerra sediado na Sérvia avançou entretanto que já não há voos disponíveis para Belgrado a partir da Rússia até meados de outubro. As passagens aéreas para a Turquia, Geórgia ou Arménia para as próximas semanas também já terão esgotado. “Todos os russos que queriam ir para a guerra já foram. Mais ninguém quer ir para lá!”, alertou esse mesmo grupo, chamado “Russos, Bielorrussos, Ucranianos e Sérvios Contra a Guerra”.

Desde o início da guerra, a 24 de fevereiro, já fugiram para a Sérvia cerca de 50.000 russos e muitos já criaram lá raízes, abrindo os seus próprios negócios, especialmente no setor da tecnologia de informação.

Os cidadãos russos não precisam de visto para entrar na Sérvia, que é o único país europeu que não se juntou às sanções ocidentais impostas à Rússia pela sua agressão à Ucrânia.

A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.

c/ agências
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