Último dia da cimeira de Vilnius. "Ucrânia está mais próxima da NATO do que nunca"

Jens Stoltenberg reiterou esta quarta-feira que a Ucrânia está "no caminho" para a adesão a NATO. Em conferência de imprensa conjunta com o presidente ucraniano no culminar da cimeira de Vilnius, o secretário-geral da Aliança Atlântica insistiu na ideia de que o país invadido pela Rússia acabará por se tornar membro da organização. Já Volodymyr Zelensky mudou de postura e admitiu que os ucranianos percebem que não podem entrar para a NATO enquanto a guerra estiver a decorrer.

Inês Moreira Santos, Mariana Ribeiro Soares - RTP /
Tim Ireland - EPA

“A Ucrânia está mais próximo da NATO do que nunca", começou por afirmar aos jornalistas Jens Stoltenberg, que acrecentou que os "aliados reafirmaram que a Ucrânia se tornará membro da Aliança e acordaram remover os requisitos para a adesão".

“Iremos lançar o convite para que a Ucrânia se junte à NATO quando os aliados concordarem que as condições estão preenchidas”, referiu ainda, frisando que esta "é uma mensagem de união, forte, no caminho para que a Ucrânia se torne membro" da Aliança.

“Temos de garantir que, quando esta guerra terminar, há um plano para a segurança da Ucrânia, para que a história não se repita".
De acordo com Stoltenberg, os aliados vão prestar "assistência de longo prazo à Ucrânia", de forma a garantir "proteção contra a Rússia quando esta guerra acabar”.

“As decisões tomadas aqui em Vilnius marcam o início de um novo capítulo na relação entre a NATO e a Ucrânia. Hoje encontramo-nos e estamos num patamar de igualdade".

"Espero que em breve nos possamos encontrar enquanto aliados"
, terminou, dirigindo-se ao presidente ucraniano.
“Compreensível” que Ucrânia não entre agora na NATO
O presidente ucraniano mudou de postura e admitiu esta quarta-feira que os ucranianos percebem que não podem entrar para a NATO enquanto a guerra com a Rússia estiver a decorrer.

“Percebemos que tenham medo de falar da nossa adesão à NATO neste momento, porque ninguém quer que aconteça uma guerra mundial”, disse Volodymyr Zelensky durante uma conferência de imprensa ao lado do secretário-geral da NATO.

“Somos pessoas civilizadas e percebemos que não podemos pertencer à NATO enquanto estivermos no decorrer de uma guerra. Isto é claro”, acrescentou.

O presidente ucraniano disse, porém, estar confiante na entrada na Aliança depois da guerra. "Estou confiante que depois da guerra a Ucrânia será membro da NATO. Faremos todos os possíveis para que isso aconteça".

As palavras de Zelensky revelam uma mudança de postura, depois de na terça-feira ter afirmado que era “absurdo” a Ucrânia não receber uma data ou um convite formal para a entrada na Aliança Atlântica nesta cimeira, que decorre em Vilnius.
Embora saliente que um convite para a entrada na Aliança tivesse sido “ideal”, Zelensky destaca os resultados positivos desta cimeira e reconhece que foram dados "passos importantes" para simplificar o processo de adesão à NATO.

“Hoje sabemos com certeza que a Ucrânia vai ser membro da NATO. E esta foi a primeira vez em todos os encontros que eu tive [com os aliados] que ouvi tanta certeza que vamos ser membros da NATO, quando tivermos condições para tal”, disse Zelensky.

O presidente ucraniano voltou a pedir mais armas de longo alcance e disse que irá debater este assunto com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Sobre as bombas de fragmentação, Zelensky reconheceu que há discordância dentro da NATO sobre a disponibilização pelos Estados Unidos, mas apontou que "tem de haver justiça", já que a Rússia também as utiliza.

"Sei que há pessoas que não partilham deste apoio, mas queria que olhássemos para isto de uma perspetiva de justiça. A Rússia utilizou sempre estas munições nos nossos territórios, estão a matar as nossas pessoas com elas, no nosso território que ocuparam", sustentou Volodymyr Zelensky.

"Tem de haver justiça e não é justo que o agressor que está a ocupar o nosso território as utilize", completou.

O presidente ucraniano agradeceu aos EUA o envio e prometeu que estas bombas apenas seriam utilizadas "contra militares" da Rússia dentro do território ocupado da Ucrânia.

Os líderes dos Estados-membros da NATO reuniram-se em Vilnius para o segundo dia da cimeira. Os 31 aliados reforçaram a ideia de apoio a Kiev e robusteceram a ajuda militar à Ucrânia, mas sem que isso signifique uma adesão imediata.

Esta é a primeira cimeira com a Finlândia como membro da NATO e a Suécia também já recebeu luz verde para a entrada na Aliança, depois de a Turquia ter dado o seu aval na segunda-feira.
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