Um polícia e seis guerrilheiros tradicionais mortos em confronto em Moçambique

Pelo menos um polícia e seis membros do grupo de guerrilheiros tradicionais, designado naparamas, morreram durante confrontos no distrito de Mogovolas, em Nampula, no norte de Moçambique, anunciou hoje a corporação.

Lusa /

O confronto ocorreu na madrugada de domingo, em Mogovolas, após os naparamas e alegados simpatizantes do partido Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Anamola), munidos de catanas, azagaias, marretas e bombas caseiras, atearem fogo a uma posição policial e agredirem os agentes, segundo a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Rosa Chaúque, em Nampula.

"Destas ações, um membro da Polícia da República de Moçambique que se encontrava de serviço naquele ponto foi assassinado com recurso a uma carreta, catana e pedras", disse a porta-voz.

Segundo Rosa Chaúque, presume-se que a invasão à posição policial visava a aquisição do material bélico da corporação para "desestabilizar a ordem pública", o que obrigou a um reforço do contingente.

"A polícia foi chamada a responder e a repor a ordem pública, onde, infelizmente (...) um total de seis indivíduos perderam a vida nestas ações e cinco foram detidos", disse a porta-voz da PRM em Nampula.

Rosa Chaúque avançou que a situação está controlada, havendo agentes da polícia posicionados em locais propensos a ocorrência de "atos de desordem pública".

"Queremos desencorajar todos para que não pautem por essas práticas, pois a polícia não irá tolerar qualquer situação que perigue a ordem, segurança e tranquilidade pública", concluiu a polícia.

Os naparamas, guerreiros tradicionais respeitados nas comunidades do norte e centro, surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.

Em 11 de julho, a polícia moçambicana anunciou a morte de um agente e dois membros dos naparamas, também durante um confronto no distrito de Angoche, na mesma província moçambicana.

Historicamente, os naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada "proteção sobrenatural" que acreditam que os torna imunes, até a balas.

Em 25 de abril, o ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, prometeu uma "perseguição até às últimas consequências" aos grupos que se autoproclamam naparamas no centro e no norte do país, responsabilizando-os por uma série de ataques contra comunidades locais.

No mesmo mês, o Governo tinha anunciado o resgate de pelo menos 280 mulheres e crianças, que terão sido raptadas pelo grupo, tendo-os privado de liberdade por mais de duas semanas numa antiga base de ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), força de oposição contra a qual as autoridades lutaram durante a guerra civil dos 16 anos.

A base estava localizada no posto administrativo de Sabe, distrito de Morrumbala, na província central da Zambézia.

Em 12 de fevereiro, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, pediu ao novo vice-comandante-geral da PRM, Aquilasse Manda, para combater os ataques atribuídos aos grupos naparama na província da Zambézia, indicando que estes "tentam bloquear" vias vitais para o desenvolvimento do país.

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