Uso ilícito de informações. Parlamento britânico quer ouvir fundador do Facebook

por RTP
Stephen Lam - Reuters

Uma comissão parlamentar britânica solicitou ao fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, que preste esclarecimentos sobre alegado uso ilícito de informações pessoais de usuários da rede social pela empresa de análise de dados, Cambridge Analytica. A empresa foi acusada de usar dados de 50 milhões de utilizadores do Facebook e ter utilizado a informação da rede social para ajudar políticos. O Parlamento Europeu também já instou Mark Zuckerberg para prestar contas aos eurodeputados.

O presidente da comissão do Parlamento de Londres, Damian Colins, que conduz uma investigação sobre notícias falsas, já tinha dito que queria ouvir Mark Zuckerberg mas agora formalizou o pedido.

"Chegou o momento de ouvir um alto executivo do Facebook, alguém com autoridade suficiente para fornecer dados corretos sobre esta catastrófica falha", escreveu na carta que enviou a Zuckerberg, citada pela BBC.

BBC

O Comissariado para a Informação do Reino Unido disse esta terça-feira que iria pedir um mandado de busca para os escritórios da empresa de recolha e tratamento de dados sobre eleitores, Cambridge Analytica.

O Comissariado irá investigar ainda qual foi o papel do Facebook neste processo. Um dos pontos centrais desta investigação é verificar se o Facebook permitiu que a Cambridge Analytica tivesse acesso aos dados, violando assim a sua própria política de privacidade.

Na segunda-feira, a comissária para a informação, Elizabeth Denham, disse à rádio BBC que está a investigar formalmente a empresa Cambridge Analytica e as suas ligações ao Facebook.

“Estamos a ver se o Facebook assegurou e salvaguardou as informações pessoais constantes na plataforma, se já sabiam sobre esta falha e agiram de forma apropriada, e se as pessoas foram ou não informadas”.

De acordo com a BBC, Elizabeth Denham exigiu ainda o acesso às bases de dados e servidores da empresa.

A comissária para a informação admite ainda ter pedido ao Facebook que não investigasse os escritórios da consultora no Reino Unido, por recear que comprometessem a integridade da investigação conduzida pelo Governo britânico.

“O nosso conselho para o Facebook foi que saíssem de cena e eles concordaram”, concluiu.
Parlamento europeu insta Zuckerberg
Também o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, instou o fundador do Facebook a prestar contas aos eurodeputados sobre o uso de dados de cidadãos europeus.


"Convidamos Mark Zuckerberg para vir ao Parlamento Europeu porque o Facebook precisa de clarificar, diante dos representantes de 500 milhões de europeus, que os dados pessoais não são usados para manipular a democracia", escreveu Tajani no Twitter.

Antonio Tajani já tinha anunciado na segunda-feira a sua intenção de pedir responsabilidades dizendo que "as alegações de uso indevido dos dados dos usuários são uma violação inaceitável dos direitos de privacidade dos cidadãos".

Em comunicado publicado na sexta-feira, o Facebook desmentiu as acusações e manteve a sua posição de que a aplicação da Cambridge Analytica foi removida em 2015 e a informação sobre os utilizadores foi destruída.
pub