Venezuela. Maduro mostra alegadas provas de atentado e acusa deputados

por Raquel Ramalho Lopes - RTP
Nicolás Maduro apresentou o que considera serem as provas da tentativa de assassinato Reuters

O Presidente da Venezuela anunciou que vai pedir aos Estados Unidos e à Colômbia a extradição dos alegados envolvidos no suposto atentado de passado sábado. Um deputado já foi detido, apesar de imunidade parlamentar. A oposição rejeita todas as acusações.

Nicolás Maduro apresentou o que considera serem as provas da tentativa de assassinato, durante mais um longo discurso na televisão, na noite de terça-feira.

O chefe de Estado venezuelano acusa “11 pessoas (…) que receberiam 50 milhões de dólares e teriam estadia garantida nos Estados Unidos” de envolvimento no ataque com drones, em Caracas, durante uma cerimónia militar.

O principal visado é Julio Borges, uma das mais conhecidas figuras da oposição na Venezuela, antigo presidente do Parlamento e atualmente no exílio. De acordo com Maduro, Juan Requesens, também deputado do Partido Justiça, estará também envolvido e já foi detido.

Nicolas Maduro diz ainda que “é clara e há provas suficientes da participação do Governo da Colômbia, do cessante (Presidente) Juan Manuel Santos”.

Outros presumíveis autores da tentativa de assassinato são Rayder Russo “Pico”, a viver na Colômbia, e Osman Delgado, financeiro residente nos Estados Unidos. O presidente venezuelano disse ainda que 11 dos envolvidos estão na Florida.

Segundo o governante, os autores do atentado receberam treino na Colômbia, em Chiácota, no departamento Norte de Santander, e inicialmente previam levar a cabo o atentado durante as comemorações de 24 de junho [aniversário da Batalha de Carabobo] e de 05 de julho [aniversário da declaração de Independência].

Nicolás Maduro congratulou-se ainda pelo "tempo recorde" em que os alegados autores foram detidos.

Para sustentar as acusações de tentativa de homicídio, o Chefe de Estado apresentou declarações de um dos seis detidos na sequência do incidente.

Divulgou ainda quatro vídeos sobre o trajeto dos dois “drones”, falou sobre as estratégias dos alegados autores do atentado, bem como registos áudio de conversas entre eles.
“Farsa”
O Governo de Bogotá e os deputados oposição venezuelana não perderam tempo para rejeitar as acusações.

“Nem o país nem o mundo acreditam na farsa do atentado”, escreveu Julio Borges no Twitter, numa mensagem destinada a Nicolás Maduro. “Todos nós sabemos que é uma montagem para nos perseguir e condenar, a nós que nos opomos à tua ditadura”, acrescentou.

De acordo com as autoridades venezuelanas houve uma tentativa de assassinato com dois “drones” carregados de explosivos contra o presidente da Venezuela. Sete militares ficaram feridos.
Deputado detido
O partido Primeiro Justiça revelou que o deputado Juan Requesens, um dos mais críticos opositores do governo de Maduro, foi detido pelos serviços secretos da Bolívia, apesar de ter imunidade parlamentar.

A irmã, Rafaela Requesens, presidente da Federação de Centros Universitários da Universidade Central da Venezuela, também foi levada. De acordo com a família, foi mais tarde libertada.

“O deputado Juan Requesens e a sua irmã Rafaela foram capturados e detidos por 14 homens do Sebin”, denunciava o partido na conta de Twitter.
Assembleia Constituinte debate imunidade
O número dois do regime, Diosdado Cabello, já fez saber que está em debate, esta quarta-feira, “a supressão da imunidade parlamentar dos que estão implicados” no antetado.

A assembleia é composta unicamente por partidários de Maduro e tem poderes quase ilimitados.
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