"Tentaram assassinar-me". Maduro aponta à Colômbia após explosões

por Carlos Santos Neves - RTP
“Hoje tentaram assassinar-me”, clamou o Presidente venezuelano durante uma intervenção televisiva, depois do ataque que alegadamente o visou Reuters

O termómetro da tensão entre Caracas e Bogotá disparou após uma presumível tentativa de assassínio de Nicolás Maduro. O Presidente da Venezuela foi silenciado, no sábado, pelas detonações de cargas explosivas transportadas por drones, quando discursava durante uma cerimónia militar. Responsabilizou, depois, o homólogo cessante da Colômbia, Juan Manuel Santos. O gabinete do Nobel da Paz rejeitou a acusação.

“Hoje tentaram assassinar-me”, clamou o Presidente venezuelano durante uma intervenção televisiva, já depois do alegado ataque que o terá visado diante de um desfile militar em Caracas. Um aparente atentado com recurso a drones.
“Tudo aponta para a extrema-direita venezuelana, em aliança com a extrema-direita colombiana, e tenho a certeza de que Juan Manuel Santos está por detrás deste atentado”.

“Um objeto voador explodiu à minha frente, uma grande explosão”, descreveu Nicolás Maduro, que disse ainda ter ouvido “uma segunda explosão”. Em seguida, o dedo acusatório foi apontado ao Presidente da Colômbia.

“Não tenho dúvida de que o nome de Juan Manuel Santos está por detrás deste atentado”, acusou, numa declaração que, entretanto, o Governo de Bogotá veio qualificar como “absurda”.

Maduro prometeria ainda “punição máxima” para os autores do ataque, uma vez identificados. Asseverou mesmo que “não haverá perdão”.

Pouco antes desta intervenção televisiva, o ministro venezuelano da Comunicação, Jorge Rodriguez, havia adiantado que o Presidente escapara são e salvo do que descreveu como um atentado com drones armadilhados.

Pelo menos sete militares sofreram ferimentos, tendo sido hospitalizados, ainda segundo Rodriguez.

Esta ação foi reivindicada nas redes sociais por um obscuro grupo rebelde, que se apresenta como Movimento Nacional Soldados de Flanelas.


“Não podemos tolerar que a população passe fome, que os doentes não tenham medicamentos, que a moeda já não tenha valor, que o sistema educativo já não ensine nada e não faça mais do que doutrinar com o comunismo”, enumerou o grupo em comunicado.
“Abriga-te”
Os venezuelanos que acompanhavam nos ecrãs de televisão, em direto, o discurso presidencial na cerimónia militar viram o Presidente a olhar para o céu imediatamente após a primeira explosão. Tal como a primeira-dama Cilia Flores, visivelmente assustada, e as patentes que o acompanhavam na tribuna.

“Abriga-te, abriga-te”, grita, a dado momento, um dos elementos da escolta presidencial. “Vamos pela direita”, responde Maduro.

Segundos depois, centenas de soldados corriam já pela avenida, em busca de abrigo. A transmissão da televisão pública seria então cortada.

Além de Juan Manuel Santos, as acusações do Presidente venezuelano foram também dirigidas a norte: “As primeiras investigações indicam que vários financiadores vivem nos Estados Unidos, no Estado da Florida”.

“Espero que o Presidente Donald Trump esteja disposto a combater os grupos terroristas”, acentuou Nicolás Maduro, antes de reiterar que o presumível ataque “foi ordenado a partir de Bogotá”. Em concreto, a partir da secretária do Chefe de Estado que recebeu o Nobel da Paz pelo processo que pôs fim ao conflito com as FARC.

“Isso não tem base, o Presidente está empenhado no batismo da sua neta Celeste e não em derrubar governos estrangeiros”, afiançou fonte da Presidência colombiana, citada pelos media internacionais.

O incidente de sábado tem lugar num contexto de profunda crise social, económica e política na Venezuela, onde a inflação poderá chegar, no término deste ano, a 1.000.000 por cento, ao passo que o PIB deverá afundar-se em 18 por cento – estimativas do Fundo Monetário Internacional.

c/ agências
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