Venezuela. Protestos já fizeram dois mortos e dezenas de feridos

por Joana Raposo Santos - RTP
De acordo com a ONG venezuelana Provea, já morreram 55 pessoas em manifestações no país desde o início do ano Carlos Eduardo Ramirez - Reuters

Os protestos de quarta-feira na Venezuela, incentivados por Juan Guaidó, levaram à morte de uma mulher, depois de no dia anterior ter morrido um outro jovem em Aragua. O segundo dia consecutivo de manifestações terá ainda deixado quase 50 pessoas feridas mas, de acordo com o serviço municipal de saúde, todas estão fora de perigo. As manifestações poderão continuar já esta quinta-feira.

Jurubith Rausseo, de 27 anos, morreu numa clínica depois de ter sido atingida na cabeça por uma bala durante os protestos. A informação foi avançada pela organização não-governamental Observatório Venezuelano de Conflito Social.

Juan Guaidó confirmou esta morte através da rede social Twitter. “Comprometo-me a fazer com que a morte de Jurubith Rausseo, de apenas 27 anos, numa sala de cirurgia, pese a quem decidiu disparar contra um Povo que decidiu ser livre”.

“Isto tem de parar e os assassinos terão de ser responsabilizados pelos seus crimes. Dedicarei a minha vida a que assim seja”, sublinhou o presidente interino da Venezuela.


Esta é já a segunda morte desde o início dos protestos. A primeira foi a de Samuel Méndez, de 24 anos, que foi morto na terça-feira durante as manifestações no Estado de Aragua.

Outras organizações de direitos humanos dizem existir 46 pessoas feridas depois dos confrontos de quarta-feira. Vinte pessoas terão sido baleadas, entre as quais cinco jornalistas.De acordo com a ONG venezuelana Provea, já morreram 55 pessoas em manifestações na Venezuela desde o início do ano e 272 desde que Nicolás Maduro chegou ao poder.

Maggia Santi, presidente do serviço municipal de saúde, explicou que todos os feridos estão fora de perigo, incluindo aqueles que foram baleados por armas de fogo.

Juan Guaidó afirmou, durante um discurso em Caracas ainda na quarta-feira, que “todos os dias haverá protestos” até que o povo alcance a sua liberdade. “Vamos permanecer nas ruas até que a Venezuela seja livre”.

No entanto, perante as circunstâncias violentas que marcaram os dois primeiros dias de protestos, é ainda incerto que as manifestações continuem esta quinta-feira.
Casa de Leopoldo López assaltada
A casa do membro da oposição Leopoldo López foi assaltada na quarta-feira por várias pessoas que testemunhas identificaram como membros do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN).

“Foi o SEBIN, o SEBIN dos bandidos, porque existem membros desse serviço que são patriotas e querem a liberdade da Venezuela”, defendeu Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López.


“Não sabemos qual era a intenção, já sabiam que nem eu nem o Leopoldo, nem os nossos filhos estávamos presentes. Vou organizar a minha casa, pois é o nosso lugar, é onde vivem os nossos filhos, e se tentavam assustar-nos continuaremos de pé, firmes, como todos os venezuelanos”, frisou no Twitter.
Opções extremas dos EUA
Donald Trump garante que os Estados Unidos estão a fazer todos os possíveis para resolver a crise na Venezuela.

“Estamos a fazer tudo o que podemos, exceto o máximo que poderíamos fazer”, declarou o Presidente norte-americano, referindo-se a opções mais extremas que “algumas pessoas gostariam que” os EUA tomassem.

“Algumas [das opções] eu nem sequer gosto de mencionar porque são bastante fortes”, assegurou. “[A Venezuela] está tão má e perigosa… Algo vai ter de ser feito. Muitas coisas vão acontecer na próxima semana. Vamos ver o que acontece”, acrescentou.

O secretário de Estado Mike Pompeo tinha já afirmado que a ação militar é uma possibilidade. “Se isso for o que é preciso, então é isso que os EUA irão fazer”, afirmou.

Nicolás Maduro, por outro lado, culpou Donald Trump pelos protestos que tiveram início na terça-feira. “Acredito verdadeiramente que os Estados Unidos nunca tiveram um Governo tão enlouquecido como este”, sustentou.
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