Mundo
Vice-chanceler austríaco de extrema-direita demite-se
Heinz-Christian Strache reagiu este sábado à publicação embaraçosa nas televisões alemãs de um vídeo em que aparentemente aceita encaminhar contratos públicos para uma empresa russa, em troca de apoio político e financeiro.
Em
conferência de imprensa esta manhã, Strache, líder do partido de
extrema-direita Partido da Liberdade, anunciou a sua demissão e a
substituição por Norbert Hofer, até agora ministro dos Transportes.
"Apresentei ao chanceler Sebastian Kurz a demissão das minhas funções de vice-chanceler e ele aceitou", disse Heinz-Christian Strache numa conferência de imprensa, assumindo que cometeu "um erro" que não quer que sirva de "pretexto para minar a coligação".O chanceler Sebastian Kurz deverá dirigir-se à nação ainda este sábado.
A
publicação do vídeo, na sexta-feira, levou durante a noite a uma reunião de emergência dos
principais membros do executivo austríaco e pôs em perigo a coligação
governamental, com o chanceler, Sebastian Kurz, a afirmar este sábado que não iria
voltar a reunir-se com Strache.
A oposição apelou de imediato a demissão do líder do Partido da Liberdade.
"Isto
é importantíssimo. Tem de ser o fim de Heinz-Christian Strache", reagiu
o analista político Thomas Hofer à Agência Reuters, admitindo até um
cenário de eleições antecipadas.
Apanhado
Strache foi gravado a prometer a uma suposta sobrinha de um milionário russo a adjudicação de contratos públicos em troca de apoio financeiro, noticiou a imprensa.
Segundo informações divulgadas na sexta-feira por dois jornais alemães, o vice-chanceler demissionário foi filmado, por uma câmara oculta, a conversar com uma mulher, alguns meses antes das eleições legislativas austríacas de 2017, sobre a possibilidade de um apoio financeiro e mediático ao FPÖ em troca da adjudicação de contratos públicos.
Segundo informações divulgadas na sexta-feira por dois jornais alemães, o vice-chanceler demissionário foi filmado, por uma câmara oculta, a conversar com uma mulher, alguns meses antes das eleições legislativas austríacas de 2017, sobre a possibilidade de um apoio financeiro e mediático ao FPÖ em troca da adjudicação de contratos públicos.
Os títulos alemães Süddeutsche Zeitung e Der Spiegel referiram que Heinz-Christian Strache se encontrou com esta mulher por acreditar que esta teria ligações a um oligarca russo influente.
A poucos dias das eleições europeias, que se realizam a 26 de maio, este escândalo está a abalar a extrema-direita austríaca e a coligação governamental liderada por Sebastian Kurz, líder do Partido Popular Austríaco (ÖVP, conservador).
O novo vice-chanceler designado, Norbert Hoffer, é engenheiro e tem 48 anos. Em 2016 concorreu à presidência da Áustria e perdeu por escassa margem.
O partido de Kurz, ferozmente anti-imigração, mantém-se na liderança das preferências eleitorais austríacas mas sem maioria. Apenas os sociais-democratas lhe dão luta.
Europeias
Strache lidera desde 2005 o Partido da Liberdade da Áustria, FPÖ, fundado em 1956 por um antigo oficial das SS e declaradamente nacionalista, conservador e eurocético. Conseguiu voltar a trazê-lo para a ribalta política.
Nas eleições
legislativas de 2017 obteve 26 por cento dos votos e formou Governo em dezembro com o líder do Partido Popular Austríaco (ÖVP, conservador), o agora chanceler Sebastian Kurz.
De acordo com as mais recentes projeções para as eleições europeias, o FPÖ registava 23,5 por cento das intenções de voto, o que poderá representar a eleição de cinco eurodeputados.
A Áustria elege 18 dos 751 deputados do Parlamento Europeu.
A Áustria elege 18 dos 751 deputados do Parlamento Europeu.
c/ Lusa